“Primeira crise bancária da geração do Twitter”: redes sociais, tecnologia e regulação ‘alimentam’ medos financeiros

Desde a queda dos bancos Silvergate Bank, Silicon Valley Bank (SVB) ou Signature Bank, o mercado não parou de avaliar até onde podem ir os riscos de contágio ou qual será as demais fraquezas dos bancos. Apesar dos receios desencadeados no início de março de uma crise bancária mundial, as atuais tensões financeiras são muito diferentes das de 2008. E porquê? De acordo com a publicação espanhola ‘El Economista’, devido a três fatores: redes sociais, tecnologia e regulação.

No que diz respeito às redes sociais, plataformas como o Twitter têm contribuído para propagar e ampliar a incerteza. As redes sociais são um poderoso canal de comunicação e têm impacto na reputação das empresas e na sua visão. Assim, as aplicações colocam o que está a acontecer no foco mediático, o que impacta a forma como se percepciona uma situação.

“Em alguns tweets, a queda do Silicon Valley Bank decorreu muito mais rápido do que em qualquer outro momento da história”, revelou Jane Fraser, presidente-executiva do Citi. “As redes sociais são revolucionárias, são um ponto de viragem”, acrescentou.

Não foi a única responsável que destacou o enorme impacto que as redes estão a ter na atual turbulência bancária. “Esta é a primeira crise bancária da geração do Twitter”, reforçou Paul Donovan, economista-chefe do UBS, à estação americana ‘CNBC’. Para os dois especialistas, a reputação de uma empresa é agora muito mais relevante do que no passado e os casos vividos recentemente mostraram que estas ferramentas de comunicação podem gerar situações de maior fragilidade.

Segue-se a tecnologia: ao ‘incómodo’ das redes sociais, há que somar a facilidade de transferir depósitos em alguns segundos. Com a implementação do banco online, os clientes podem aceder às suas contas em qualquer lugar e a qualquer hora. Em momentos de caos e incerteza, é fácil fechar um pedido. “Bastam alguns clicks para se sair”, alertou Donovan.

Por último, o controlo bancário, maior do que há 15 anos. A+ós a crise do Lehman Brothers, a União Europeia reforçou a regulação bancária, tanto através da supervisão como pela realização de maiores testes de stress financeiro. As exigências de capital também são maiores. “Não compro o argumento de que o risco sistémico está a crescer no setor financeiro”, frisou Bob Parker, consultor da Associação Internacional de Mercados de Capitais, à CNBC.

O responsável destacou que os problemas recentes surgiram em carteiras específicas e em casos específicos, que não podem ser extrapolados para o setor como um todo. Uma ideia partilhada por Andrea Enria, presidente do Conselho Fiscal do Banco Central Europeu (BCE), e que justifica a diversificação dos depósitos em entidades europeias e da sua liquidez.

Outra das questões que pesou nesta ocasião é a falta de confiança que tem causado fugas de depósitos e desequilíbrios nos balanços dos bancos. Porém, se as dúvidas não tivessem tomado conta dos clientes de algumas entidades, teriam mantido os seus negócios. Por isso, não entrar em pânico e dar credibilidade ao setor é relevante para conter mais situações como as que ocorreram.

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