Preocupações com integridade eleitoral de Bolsonaro impedem venda de mísseis dos EUA para o Brasil

Um pedido militar brasileiro, para comprar mísseis antitanque Javelin , está parado em Washington há meses, por preocupações dos legisladores norte-americanos com o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, incluindo com os ataques ao sistema eleitoral do Brasil, avança a ‘Reuters’, que cita fontes dos EUA.

A oferta do Brasil para adquirir cerca de 220 mísseis foi originalmente feita quando o ex-presidente Donald Trump, um aliado de Bolsonaro, estava na Casa Branca. O Departamento de Estado aprovou a proposta no final do ano passado, apesar das objeções de algumas autoridades americanas de baixo escalão.

No entanto, o acordo confidencial, que não foi divulgado anteriormente, ficou, desde essa altura, parado, devido a preocupações crescentes entre os deputados democratas com as questões de Bolsonaro sobre a integridade dos votos, antes da eleição de 2 de outubro no Brasil, segundo as mesmas fontes.

O pedido do Brasil pelos mísseis de ponta fabricados nos EUA, que ganharam fama pelo seu uso efetivo pelas forças ucranianas contra blindados russos, foi adiado por um esforço liderado pelos democratas para enviar uma mensagem a Bolsonaro e aos seus militares.

“(O processo) está a ser lento no Capitólio e não vai a lugar nenhum tão cedo” por causa de dúvidas sobre Bolsonaro, disse à ‘Reuters’ uma das fontes, que acompanhou o acordo proposto.

Washington também está preocupado com o retrocesso ambiental sob Bolsonaro, bem como com o seu relacionamento amigável com o presidente russo Vladimir Putin, cuja invasão na Ucrânia se recusou a condenar.

Fabricado pelos gigantes da defesa Lockheed Martin Corp e Raytheon Technologies Corp (RTX.N), o Javelin tornou-se uma das armas mais conhecidas do mundo devido ao seu sucesso contra tanques russos na guerra da Ucrânia.

O Brasil não enfrenta ameaças semelhantes, levando a perguntas sobre por que motivo precisaria de tal poder de fogo, disseram as fontes. As forças armadas do Brasil concentram-se principalmente em proteger as suas fronteiras, entre as mais longas do mundo, e missões internacionais de paz.

“O Brasil não precisa deles”, disse um ex-assessor do Congresso que trabalhou em questões de armas.

Tudo isto sublinha o impacto que a retórica antidemocrática de Bolsonaro já está a causar no maior país da América Latina. Também dá um vislumbre de como o Brasil pode ficar cada vez mais isolado internacionalmente, se Bolsonaro seguir o exemplo de Trump e recusar-se a aceitar qualquer derrota eleitoral para o seu rival de esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O governo do presidente Joe Biden, marcado pela invasão do Capitólio pelos apoiantes de Trump em 6 de janeiro de 2021, ficou cada vez mais ansioso com os comentários autoritários de Bolsonaro, enviando delegações a Brasília para pedir cautela.

O secretário de Defesa Lloyd Austin trouxe uma mensagem de respeito à democracia ao Brasil, numa reunião de ministros regionais de defesa em julho, o que aconteceu após uma visita no ano passado do diretor da CIA, William Burns.

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