Preferem mais tempo livre a salários mais elevados: europeus cortam nas horas de trabalho e empresas desesperam à procura de mão de obra

A falta de mão-de-obra na União Europeia (UE), em particular em alguns dos países mais ricos do ‘velho Continente’, tem colocado sérios desafios ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo que se verificam níveis recordes de emprego.

O que fazer para que os europeus trabalhem mais? É esta a questão que muitos Governo fazem. Países como Alemanha, Países Baixos ou Áustria, assinala o DW, já começaram a tornar as horas ‘extra’ mais atrativas para os trabalhadores, aplicando medidas como mais creches, uma política fiscal mais favorável e horários de trabalho flexíveis. Mesmo assim, os trabalhadores preferem mais tempo livre a maiores salários.

Segundo os dados do Eurostat, a média de horas de trabalho continua a ‘encolher’, ao mesmo tempo que aumentam as ofertas de trabalho a tempo parcial, e os sindicatos de vários setores reclamam menos horas nos horários de trabalho completos.

Por outro lado, a taxa de emprego geral na UE está em cerca de 75% (Portugal com 77,5%), segundo os números de 2022, que revelam que as mulheres, em particular,  têm impulsionado o crescimento do regime de trabalho a tempo parcial na Europa.

Cerca de um terço dos trabalhadores na Alemanha, Áustria e Suíça, alguns dos países mais ricos da Europa, exercem funções a tempo parcial. Em comparação, nos EUA são menos de um em cada cinco trabalhadores a fazerem menos de 35 horas por semana.

Mesmo com mais sete milhões de novos trabalhadores no mercado, entre 2005 e 2022, a Alemanha não conseguiu registar grande aumento do total de horas de trabalho que, em 2022, ficou numa média de 1350 horas por ano (número mais baixo entre países da OCDE).

Os setores da enfermagem e educação são os mais afetados, com Maartje Lak-Korsten, diretora da escola primária De Kleine Nicolaas, em Amsterdão, a explicar ao mesmo diário alemão que muitos destes profissionais querem trabalhar apenas quatro dias por semana.

A tendência é de agravamento, quando a geração dos ‘baby boomers’ se reformar.

Mesmo com vantagens propostas pelos empregadores, a verdade é que os trabalhadores dos países mais ricos podem com efeito dar-se ao luxo de trabalharem menos horas.

Por exemplo, nos Países Baixos têm-se popularizado o “salário 1,5”, em que num mesmo agregado familiar há um adulto que trabalha a tempo inteiro, e outro a tempo parcial.

O grande desafio é os Governo encontrarem medidas para combater a tendência. Na Alemanha foi adiada a reforma das regras de tributação dos casais, e considera-se a possibilidade de obrigar as empresas a permitir o teletrabalho, enquanto nos Países Baixos antecipou-se a expansão dos apoios e subsídios para creches, que vai avançar já em 2025 (estava previsto apenas para 2027).

 

 

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