Preços de bens alimentares devem subir ainda mais, depois de Indonésia proibir exportações de óleo de palma

A partir de dia 28 de abril, a Indonésia deixará de exportar óleo de palma, depois de o governo de Jacarta ter decretado uma proibição por tempo indeterminado. O óleo de palma é usado numa ampla gama de bens alimentares, pelo que a medida pode fazer aumentar ainda mais a tendência de alta dos preços, num contexto de forte pressão sobre as cadeias de fornecimento devido ao conflito na Ucrânia.

A Indonésia é o maior produtor de óleo de palma, representando 59% da oferta a nível mundial, pelo que é expectável que a retirada do mercado internacional impulsione um aumento dos preços desta matéria-prima, dado que se mantém uma forte procura.

A medida foi anunciada pelo Presidente indonésio Joko Widodo, no dia 22 de abril, e tem como objetivo garantir a disponibilidade de óleos alimentares para consumo do país, que tem registado quebras na oferta interna.

De acordo com o Mongabay, os produtores preferem colocar os seus produtos nos mercados estrangeiros, onde os preços do óleo de palma são superiores e onde podem obter maiores margens de lucro. Contudo, a lei indonésia exige que os produtores encaminhem parte da produção de óleo de palma para o mercado interno, obrigação que têm negligenciado e que motivou a decisão drástica por parte do governo.

A mesma publicação indica, no entanto, que a medida poderá ter os efeitos contrários aos desejados, pois ao fechar-se aos mercados além-fronteiras, a Indonésia poderá, em apenas um mês, perder 2,2 mil milhões de dólares (cerca de 2 mil milhões de euros) em receitas de exportação deste produto.

À ‘Executive Digest’, o analista Henrique Tomé, da corretora da XTB, explica que “os preços de outros óleos também poderão aumentar”, e que “esta tendência de alta tem-se intensificado desde o início da invasão russa na Ucrânia”. Assim, as condições do mercado deverão ficar ainda mais severas, pois, com a decisão de Jacarta, “o rally nos preços deverá continuar”.

Após o anúncio da proibição, o preço do óleo de soja, que segue atrás do óleo de palma como o segundo óleo vegetal mais utilizado, subiu 4,5%, de acordo com a Aljazeera, e algumas superfícies comerciais no Reino Unido já implementaram medidas de racionamento sobre o azeite, óleo de girassol e óleo de colza, limitando a dois ou três itens por cliente.

A Malásia é o segundo produtor de óleo de palma e poderá tentar suprimir a retirada dos produtos indonésios, mas subsistem dúvidas quanto à capacidade desse país para colmatar o vazio deixado por Jacarta, pelo que a oferta ficará abaixo da procura, sustentando as subidas dos preços.

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