“Preços da energia vão abrandar provavelmente no próximo ano”, anuncia Banco Carregosa

O ‘Outlook’ de outono do Banco Carregosa anuncia que “provavelmente, os preços da energia tenderão a abrandar no próximo ano. A escassez de energia é resultado, em parte, da emergência ambiental. Assim, a probabilidade de estagflação no curto prazo é baixa e as economias avançadas têm hoje mais meios para debelá-la, ao contrário da década de 1970”.

No que toca às “commodities”, o banco de investimento lembra que “no trimestre anterior, tínhamos afirmado que as matérias-primas manter-se-iam suportadas uma vez que os inventários permaneciam baixos num contexto de uma produção de matérias-primas ainda inferior à retoma da
sua procura”.

“De facto, à data de redação, há um desequilíbrio acentuado no mercado de gás natural que tem abalado o norte da Europa provocando uma subida acentuada do preço da energia elétrica. Enquanto o crescimento permanecer sustentado e persistirem disrupções na oferta de algumas matérias-primas é de esperar que o mercado equilibre em preço mais elevados”, sublinha o relatório do Carregosa.

“Atualmente, vemos potenciais desequilíbrios em oil & gas e em metais industriais. O ouro continua a ser uma proteção de inflação, em particular enquanto as taxas reais não aumentam. Todavia, ainda que os atuais níveis de inflação sejam transitórios, há alguns fatores que têm feito com que esta permaneça elevada por um período mais longo do que o esperado no trimestre anterior. Será necessário que as disrupções na oferta sejam corrigidas sem que existam impactos de segunda e terceira ordem ao nível dos salários e preços de outros bens e serviços”, remata o banco de investimento.

A crise do gás está a alastrar-se pelo mundo. Perante a escassez, os  produtores europeus de eletricidade são obrigados a colocar as metas climáticas de lado e a recorrerem ao carvão. Segundo a Bloomberg, um grande Hub europeu prevê a chegada de um novo carregamento deste material a 200 dólares a tonelada métrica já no próximo mês, o maior desde 2008. A agência recolheu os dados da plataforma globalCOAL, mas a empresa em questão pediu para não ser identificada.

A Europa está a enfrentar uma crise de energia se precedentes, depois de um longo inverno que deixou o bloco sem stock. A compra desenfreada das nações asiáticas, e o fornecimento limitado da Rússia e da Noruega, têm levado as empresas do velho continente a lutar a “ferro e fogo”, por gás liquefeito no mercado Spot.

Créditos Banco Carregosa
Créditos Banco Carregosa

Durante uma conferência no Dubai há duas semanas, Marco Saalfrank, responsável pelos negócios da gigante Axpo Solutions AG na Europa foi claro: “Já começámos a recorrer ao mercado do carvão, mas também aqui começamos a sentir um aperto”.

“Estamos observando algum aperto também no mercado de carvão”, disse Marco Saalfrank, chefe de comércio comercial continental da Europa na Axpo Solutions AG, em entrevista na conferência Gastech em Dubai esta semana. Os lucros das centrais a carvão “tornaram-se positivos, aumentando a produção”.

A oferta de carvão também caiu à medida que os principais produtores da Colômbia e da Indonésia fazem de tudo para combater as chuvas fortes e os transtornos causados pela pandemia. Segundo o executivo, devido às novas metas climáticas de grandes potências, como a Europa com o seu pograma “Fit for 55” que estabelece a neutralidade carbónica até 2030, o investimento em novos projetos de mineração quase parou nos últimos anos, com os bancos a cortarem nos empréstimos concedidos a este tipo d empresas.

Atualmente tanto os preços no mercado spot, como os futuros com entrega prevista para o próximo ano têm subido, como não era visto desde 2008. Os futuros sobre este material acordaram hoje, nos 181 dólares por tonelada, no mercado londrino, uma subida de 242% desde o último ano, de acordo com a plataforma ‘Trading Economics’.

“A oferta de gás e carvão é limitadas e as energias renováveis não estão a ajudar. Estamos numa situação louca”, comentou a semana passada Dale Hazelton da Wood Mackenzie, em entrevista à Reuters.

 

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