Preço dos alimentos volta a subir: frutas e legumes já custam mais 30% do que antes da guerra
Comprar um cabaz de bens alimentares essenciais pode custar, esta semana, 226,6 euros. Este preço representa um aumento de 42,97 euros (mais 23,4%) face a 23 de fevereiro de 2022, véspera do início da guerra na Ucrânia, e um dos valores mais elevados desde que a DECO PROTESTE começou esta análise, a 5 de janeiro de 2022.
Há um ano, quem quisesse comprar um quilo de laranja, maçã gala, maça golden, banana, tomate, couve-flor, alface, brócolos, cenoura, batata vermelha, curgete, cebola e couve-coração e um saco de alhos teria de pagar, em média, 23,6 euros. Um ano depois, a mesma cesta de frutas e legumes custa mais 7,21 euros, ou seja, um total de 30,81 euros, o que representa um aumento de 30,53%, assinalou a DECO PROTESTE.
A inflação faz-se sentir, ainda, nas restantes categorias de alimentos que não só nas frutas e legumes. Entre 23 de fevereiro de 2022 e 22 de fevereiro de 2023, o preço dos laticínios aumentou 25,33%; o da carne subiu 23,4%; o das mercearias subiu 24%; e o dos congelados registou um acréscimo de 142,95%.
Quais os alimentos cujos preços mais aumentam?
Desde 5 de janeiro de 2022, a DECO PROTESTE tem monitorizado todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior, os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais.
Esta análise tem revelado aumentos quase todas as semanas, com alguns produtos a registarem subidas de preços de dois dígitos de uma semana para a outra. Na última semana, entre 15 e 22 de fevereiro de 2023, como mostra o gráfico, os produtos com maiores aumentos foram:
– a curgete (mais 19%, ou seja, mais 44 cêntimos por quilo);
– a couve-coração (mais 12%, ou seja, mais 22 cêntimos por quilo);
– as salsichas Frankfurt (mais 15%, ou seja, mais 15 cêntimos);
– cereais integrais (mais 10%, ou seja, mais 32 cêntimos por quilo);
– alho seco (mais 9%, ou seja, 21 cêntimos por quilo);
– cenoura (mais 7%, ou seja, mais 8 cêntimos);
– a perna de peru (mais 5%, ou seja, mais 25 cêntimos por quilo);
– o feijão cozido (mais 5%, ou seja, mais 6 cêntimos);
– couve-flor (mais 4%, ou seja, mais 13 cêntimos);
– maçã golden (mais 4%, ou seja, mais 7 cêntimos por quilo).
Já se compararmos o preço dos produtos registados a 23 de fevereiro de 2022 com os de 22 de fevereiro de 2023, os maiores aumentos registaram-se:
– na couve-coração (mais 92%, ou seja, mais 96 cêntimos por quilo);
– no arroz carolino (mais 76%, ou seja, mais 86 cêntimos por quilo);
– na polpa de tomate (mais 73%, ou seja, mais 65 cêntimos por quilo);
– na alface frisada (mais 72%, ou seja, mais 1,49 euros por quilo);
– na cenoura (mais 57%, ou seja, mais 44 cêntimos);
– no carapau (mais 54%, ou seja, mais 1,79 euros por quilo);
– na cebola (mais 52%, ou seja, mais 54 cêntimos por quilo);
– no azeite virgem (mais 51%, ou seja, mais 2,39 euros por quilo);
– no açúcar branco (mais 50%, ou seja, mais 56 cêntimos por quilo);
– e na couve-flor (mais 48%, ou seja, mais 1 euro).
A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).
“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, sublinha a Deco.
O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um setor há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.
“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, conclui.