Preço do azeite dispara 157% em dois anos. Garrafa já custa mais de 11 euros

A guerra na Ucrânia fez disparar os preços de alguns alimentos. Após o início do conflito, a 24 de fevereiro de 2022, produtos como o óleo alimentar, viram os seus preços subir de forma rápida e acentuada. Já com o avançar do ano, enquanto o preço do óleo alimentar seguia uma tendência de descida, o preço do azeite virgem extra também começou a subir, segundo revela uma análise da Deco/Proteste.

Em janeiro de 2022, uma garrafa de 75 cl de azeite custava 4,46 euros, mas dois anos depois, para comprar a mesma garrafa de azeite é preciso gastar 11,46 euros (mais 157 por cento). Já o óleo alimentar, que logo após o início da guerra viu o seu preço disparar, em março de 2024 estava 5% mais barato face à primeira semana de 2022. Uma garrafa de um litro custa, agora, 2,19 euros, mas chegou a custar 3,87 euros, a 30 de março de 2022.

 

PREÇO DO ÓLEO ALIMENTAR ESTÁ EM QUEDA

O óleo alimentar foi o produto com o maior aumento percentual do preço a seguir ao início da guerra no cabaz alimentar de 63 alimentos monitorizado pela DECO PROteste. A 23 de fevereiro de 2022, um dia antes de começar a guerra na Ucrânia, uma garrafa de um litro custava 2,43 euros. Cinco semanas depois, a 30 de março de 2022, este produto atingiu o preço mais alto desde que a organização de defesa do consumidor faz o acompanhamento dos preços dos alimentos: 3,87 euros (mais 59% do que na véspera da guerra na Ucrânia). Contudo, depois de várias semanas consecutivas em 2022 acima dos 3,50 euros, o preço deste produto começou a descer. A 20 de março de 2024, uma garrafa de óleo alimentar vegetal custava já 2,19 euros, menos 10% do que antes da guerra começar.

Porque subiu o preço do óleo alimentar?

A Ucrânia era, até ao início da guerra, um dos maiores produtores mundiais de óleo de girassol. No entanto, a incerteza associada à guerra, elevou os preços dos óleos vegetais para máximos históricos em todo o mundo, o que se fez refletir nos preços dos supermercados, nomeadamente em Portugal. Foram estas subidas acentuadas nos preços dos bens alimentares que levaram o Governo a assinar com os setores da distribuição e da produção agroalimentar um acordo para a isenção de IVA num cabaz de bens alimentares essenciais. A medida vigorou entre 18 de abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024. O óleo alimentar, que até então era taxado a 23% de IVA, com a reposição do IVA a 5 de janeiro passou a ser taxado a 13 por cento. E embora a reintrodução do imposto tenha contribuído para uma subida dos preços dos alimentos, a 20 de março deste ano, o óleo alimentar custava menos 85 cêntimos (menos 28%) do que a 17 de abril de 2023, um dia antes do IVA zero entrar em vigor.

GARRAFA DE AZEITE JÁ CUSTA MAIS DE 11 EUROS

O preço do azeite virgem extra, por outro lado, continua a aumentar. A 20 de março deste ano, comprar uma garrafa de 75 cl de azeite exigia uma despesa de, em média, 11,46 eurosmais 7 euros do que em janeiro de 2022, altura em que para comprar uma garrafa de 75 cl de azeite o consumidor precisava de gastar apenas 4,46 euros (menos 157 por cento).

Contudo, no caso do azeite, ao contrário do óleo alimentar, não foi após o início da guerra na Ucrânia que se registou o aumento de preço mais significativo. No final de 2022, uma garrafa de azeite custava 5,85 euros (mais 1,38 euros), mais 31% do que no início desse ano. No entanto, no final de 2023, o preço de uma garrafa de azeite já tinha subido para 9,44 euros, mais 61% (mais 3,59 euros) face ao período homólogo e mais 111% (mais 4,98 euros) em comparação com a primeira semana de 2022.

De acordo com os dados da DECO PROteste, a entrada em vigor da isenção de IVA no cabaz alimentar, em abril de 2023, ajudou a travar uma subida ainda maior no preço do azeite. No entanto, em setembro de 2023, o preço deste produto voltou às subidas. A 7 de fevereiro deste ano atingiu o preço mais alto desde que a DECO PROteste monitoriza o preço deste produto: 11,91 euros. A 20 de março desceu ligeiramente, para 11,46 euros.

Porque subiu o preço do azeite virgem extra?

diminuição da produção de azeitona em Portugal e a redução das reservas de azeite no mercado nacional provocaram uma subida nos preços do azeite. De acordo com a primeira estimativa das Contas Económicas de Agricultura do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2023, a produção de azeite deverá ter caído 8,3% em volume devido à acentuada diminuição da produção de azeitona na campanha de 2022/2023. E embora a produção da última campanha (2023/2024) tenha subido, o volume não deverá ser suficiente para compensar a quebra do ano anterior. A redução da produção, assim como o aumento das exportações de azeite nacional para o mercado espanhol, deverá continuar a pressionar o preço do azeite em 2024, segundo as estimativas do INE.

ÓLEO OU AZEITE: FAÇA ESCOLHAS PARA POUPAR

Se fizer algumas mudanças na forma como cozinha consegue poupar alguns euros. Embora o azeite virgem extra tenha um valor nutricional superior ao do óleo alimentar, aquele não tem de ser sempre a primeira escolha.

Para fritar, o óleo vegetal para fritura é a melhor opção. Ao fazer uma imersão em óleo quente, a composição da gordura é modificada, uma vez que parte dos ácidos gordos insaturados são destruídos, aparecendo outros compostos menos benéficos para a saúde. O mais indicado é o óleo especialmente tratado para fritar, já que os antioxidantes e aditivos que contém evitam mais alterações.

Já para temperar saladas, ou outras utilizações em cru, por exemplo, numa sopa, é preferível usar o azeite virgem extra. Mas evite excessos. Ums colher de sopa por pessoa é o suficiente.

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