Portugueses preferem ser operados no hospital de origem mesmo que signifique uma espera maior: 80% dos vales-cirurgia não são usados

A maioria dos utentes prefere ser operada no hospital de origem, mesmo que isso signifique uma espera maior: segundo o ‘Jornal de Notícias’, a emissão, pelos hospitais no SNS, de 181.805 vales-cirurgia e notas de transferência, para que os doentes possam ter uma alternativa em unidades do setor social ou privado ou noutros hospitais do SNS, só colheu 20% de utilização.

Apesar da pouca aceitação, o novo Governo quer avançar com os ‘vouchers-consulta’, para permitir aos utentes terem acesso a consultas de especialidade em tempo clínico adequado. De acordo com os administradores hospitalares, há vantagens na medida, mas apresentaram reservas sobre a forma como será implementada. De acordo com Óscar Gaspar, presidente da associação que representa os hospitais privados, é preciso esperar pelo plano de emergência do SNS – que será concluído até 2 de junho – para os privados saberem “onde é possível colaborar e apoiar”.

De acordo com dados da Direção Executiva do SNS, a adesão é baixa: desde 2017 que a taxa de cativação se situa entre os 17,7 e 23,8%, sendo que 2021 foi o ano de maior adesão – em 2022, foram emitidos 165.079 vales, com uma taxa de cativação de 21%. Em 2023, foram cativados 19,9% do total de vales (18. 805), mais 16.726 vales ou notas de transferência do que os emitidos no ano passado.

Segundo a DE_SNS, a utilização destes vales depende da vontade do utente: se recusar, regressa à lista de espera do seu hospital, mantendo a posição em que se encontrava. Entre os principais motivos da não cativação estão “a recusa de transferência para outro hospital pelo utente”, o vale ou a nota de transferência expirarem (sem ação do utente) ou a cirurgia ter sido, entretanto, agendada.

“A cirurgia surge no final de um conjunto de consultas e exames em que se cria uma relação médico-doente. É muito difícil depois disto o doente escolher outra equipa, que não conhece de todo”, explicou Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).

Já os ‘vouchers-consulta’ podem criar uma situação diferente, com mais alternativas para os doentes: “Há muitos pedidos de primeira consulta que são inadequados ou são queixas que podem ser resolvidas nos cuidados primários ou com uma prescrição única”, indicou o responsável.

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