Portuguesa condenada a oito meses de prisão por insultos racistas contra filhos de atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso
Adélia Ramos, a mulher portuguesa acusada de injúrias racistas contra os filhos dos atores brasileiros Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, foi condenada esta sexta-feira pelo Tribunal de Almada a uma pena de oito meses de prisão, suspensa por quatro anos. O caso, que gerou indignação pública em 2022, envolveu ofensas de teor racista dirigidas a crianças menores, num incidente ocorrido na Costa de Caparica.
Além da pena de prisão suspensa, Adélia Ramos terá ainda de pagar uma indemnização de 14 mil euros aos menores, sendo que o valor irá ser doado à associação SOS Racismo, para além de ter de contribuir com mais 2.500 euros para a referida organização. Da mesma forma, terá de ser sujeita a tratamento medico contra o alcoolismo, conforme decidiu o juiz.
A sentença agradou aos advogados do casal de atores brasileiros. Segundo referiu o causídico Rui Patrício, citado pelo Correio da Manhã, “o tribunal considerou provados os factos, bem como a motivação racista, salientando a necessidade de combater a discriminação racial e de proteger as criança”. Ainda assim, a defesa pondera recorrer da decisão.
O caso remonta a julho de 2022, quando Adélia Ramos, visivelmente alterada, chamou “pretos imundos” aos filhos do casal, num restaurante na Costa de Caparica. As ofensas estenderam-se também a um grupo de turistas angolanos presentes no local.
Durante o julgamento, a procuradora Marta Morgado enfatizou a gravidade das injúrias e o histórico de comportamentos semelhantes por parte da arguida. “O registo criminal e a falta de arrependimento são fatores agravantes”, destacou a magistrada, sublinhando a necessidade de aplicar uma pena suspensa, mas acompanhada de medidas de reabilitação.
Por sua vez, Rui Patrício reiterou a importância de uma condenação exemplar. “O caráter racista e xenófobo das ofensas reveste-se de especial gravidade. A sociedade não compreenderia uma decisão que não fosse de condenação”, afirmou. O advogado defendeu ainda que a suspensão da pena fosse pelo período máximo permitido por lei e sujeita ao cumprimento de condições rigorosas, incluindo o pagamento da indemnização de 35 mil euros inicialmente pedida no processo, que os assistentes se comprometeram a doar ao SOS Racismo.
A defesa de Adélia Ramos, representada pelo advogado João José Brito, pediu a absolvição de alguns dos crimes imputados, alegando que a arguida não estaria totalmente imputável devido à embriaguez. No entanto, admitiu a possibilidade de condenação por crimes menores, como ofensas aos filhos do casal brasileiro e injúrias dirigidas a guardas da GNR. O advogado solicitou uma pena atenuada, caso fosse aplicada, e aceitou a necessidade de tratamento médico para o alcoolismo.