“Portugal tem condições para que aumentem as tempestades: tanto na frequência como amplitude”, revela IPMA

Portugal “tem tido uma sequência de tempestades significativa”, alertou esta quinta-feira Jorge Miguel Miranda, presidente do IPMA, em declarações à ‘CNN Portugal’. “E, neste fim de semana, vai voltar a ser atingido por uma outra tempestade que vai tornar difícil a vida nas nossas comunidades litorais, com um novo máximo de agitação marítima”, revelou.

A tempestade ‘Ciarán’, de acordo com a Proteção Civil, teve mais de 500 ocorrências em Portugal continental, sendo que a maior parte das situações reportadas diz respeito a quedas de árvores, em alguns casos de grande porte. Vários carros e estruturas ficaram danificados. E Portugal deve habituar-se, de acordo com o responsável do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

“Portugal tem um histórico de tempestades: em 1941, houve uma tempestade com um impacto muito superior ao atual, ainda que só nos tenha atingido lateralmente, tendo apenas afetado a costa norte do país. Mas, na verdade, temos condições físicas para que aumentem as tempestades, tanto na frequência como na amplitude”, referiu Jorge Miguel Miranda.

“O principal fenómeno que está bastante bem identificado é o aumento da temperatura da superfície do oceano: quanto mais quente está, mais energia disponibiliza para a atmosfera poder desenvolver estas depressões muito cavadas e que têm sempre impactos muito importantes nas construções e nas pessoas”, explicou.

Sobre a tempestade ‘Ciarán’, o especialista revelou que “é muito interessante do ponto de vista físico mas muito alarmante do ponto de vista social. O valor mais elevado de rajada foi observado na Bretanha (França), de 200 km/h. Mas é preciso perceber o que significa na prática. Os portugueses têm alguma experiência de tornados, que são sistemas físicos de outra dimensão e que quando atingem velocidades desta grandeza, ou até ligeiramente inferior, levantam roulotes e destroem árvores”.

O geofísico sublinhou ainda a importância de se cumprirem os avisos do IPMA. “Existe uma situação que por vezes não é bem compreendida: quando a modulação indica por exemplo que vamos ter ondulação de 8 metros de altura, quer dizer que 10% das ondas pode ter mais de 16 metros. É uma estatística, as ondas não têm todas a mesma altura. Quando existe um alerta vermelho do IPMA, deve ser cumprido estritamente porque os perigos são muito importantes”, concluiu.

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