Portugal registou 20 “eventos climáticos extremos” nos últimos anos: seguradoras com ‘rombo’ de 800 milhões de euros

As alterações climáticas já chegaram a Portugal: vieram para ficar mas, sobretudo, vão piorar. Casos de tornados inéditos, tempestades mais destrutivas, incêndios incontroláveis e seca extrema são já exemplos de eventos climáticos extremos – nos últimos 17 anos, houve 20 “eventos extremos” na classificação utilizada pelas companhias de seguros, segundo revelou esta segunda-feira o ‘Diário de Notícias’.

Entre 2006 e 2023, praticamente não houve anos em que não houve um ou mais acidentes naturais relevantes, em danos e custos para o setor, segundo a Associação Portuguesa de Seguradoras (APS). Portugal é mesmo, num conjunto de 35 países, o 7º europeu mais afetado em perdas económicas – está em 5º lugar nas mortes prematuras, segundo indicou um relatório da Agência Europeia do Ambiente, de 2022.

Os “eventos extremos” têm deixado o seu rasto, na vida das pessoas, animais e infraestruturas, assim como impactos na economia e, em particular, no setor segurador, mais exposto ao risco pela natureza da sua atividade.

Houve 166.500 sinistros reportados às seguradoras nos últimos 17 anos em Portugal relacionados com eventos climáticos, indicou a APS. O mais dramático, em vidas e custos financeiros, foram os incêndios mortais de 2017 – em Pedrógão Grande, onde perderam a vida 66 pessoas e houve 253 feridos, houve encargos de 25 milhões de euros para as seguradoras. Em outubro desse ano, pagaram-se em indemnizações e provisão quase 230 milhões de euros. Entre 2006 e 2023, o setor segurador português pagou uma fatura pesada pelos eventos climáticos extremos: foram perto de 800 milhões de euros, indicou o jornal diário.

Entre 1980 e 2020, o relatório da Agência Europeia do Ambiente estimou as perdas totais em 13,46 mil milhões de euros, mas em Portugal estavam reservadas apenas 478 milhões de euros: o desvio entre as perdas registadas e o valor de indemnizações deve-se, sobretudo, ao facto de “mais de 90% das perdas patrimoniais registadas não estarem cobertas pelos seguros”. Em Portugal, apesar do aumento previsível destes fenómenos extremos, o grau de cobertura dos danos patrimoniais pelos seguros é muito baixo em Portugal: apenas 3,6% das perdas estavam cobertas.