Portugal prepara-se para aumentar o salário mínimo. Como se compara o nosso País ao resto da Europa?
O Governo português anunciou recentemente planos para aumentar o salário mínimo, mas, apesar das melhorias previstas, o salário mínimo em Portugal continuará a ficar aquém dos níveis praticados em vários países da União Europeia. A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, afirmou esta semana que o aumento do salário mínimo é “absolutamente certo”, e que, a partir de 2025, o salário mínimo em Portugal será de 870 euros por mês.
Atualmente, os trabalhadores que auferem o salário mínimo em Portugal recebem 820 euros mensais. No entanto, o Governo pretende implementar um plano que prevê um aumento de 50 euros por ano até 2028, o que colocaria o salário mínimo nacional nos 1.020 euros por mês. Estes aumentos fazem parte de um esforço para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores em Portugal, mas, mesmo com estes incrementos, o salário mínimo português continuará a ser inferior ao praticado em vários Estados-Membros da União Europeia.
Comparação com a União Europeia: Portugal no 12.º lugar
Dados do Eurostat mostram que, entre os 22 Estados-Membros da União Europeia que têm um salário mínimo, Portugal ocupa atualmente o 12.º lugar. Esta classificação revela que, apesar dos esforços do Governo português, o salário mínimo nacional permanece distante dos valores mais elevados praticados na UE. No topo da lista encontra-se o Luxemburgo, onde os trabalhadores auferem um salário mínimo de 2.204 euros por mês, o mais elevado da Europa.
Outros países que lideram a classificação incluem a Irlanda, com um salário mínimo de 1.840 euros por mês, e os Países Baixos, onde o salário mínimo mensal se situa nos 1.829 euros. A Bélgica, com um salário mínimo de 1.774 euros, e a Alemanha, com 1.761 euros, também se destacam entre os países que oferecem os salários mínimos mais elevados na Europa. A França, por sua vez, paga um salário mínimo de 1.550 euros mensais, colocando-a também entre os países que garantem um nível salarial mais alto do que Portugal.
O que é considerado um “bom salário” na Europa?
A questão sobre o que constitui um “bom salário” na Europa é complexa e depende de vários fatores, incluindo o custo de vida, o local de residência, o nível de formação, a experiência e o setor de atividade em que se trabalha. A Euronews Business recentemente explorou esta questão, comparando os salários em diferentes países europeus.
De acordo com a plataforma Talentup, na Alemanha, um bom salário é geralmente considerado um salário anual bruto entre 64.000 e 70.000 euros. Esta faixa corresponde a um rendimento líquido entre 40.000 e 43.000 euros por ano, ou seja, entre 3.300 e 3.600 euros por mês para uma pessoa solteira. Em comparação, estes valores mostram-se significativamente mais elevados do que o salário mínimo em Portugal, mesmo após os aumentos previstos para os próximos anos.
Em França, o salário médio líquido mensal é de 2.587 euros em 2024, com o salário médio a situar-se nos 1.940 euros, segundo dados da HousingAnywhere. Para uma vida confortável, o mesmo estudo indica que um bom salário para uma pessoa solteira ronda os 3.200 euros por mês, enquanto para uma família de três pessoas, este valor aumenta para cerca de 5.600 euros mensais.
No caso de Espanha, o salário líquido médio em 2024 é de 1.785 euros por mês, o que corresponde a cerca de 2.250 euros brutos. Segundo a HousingAnywhere, para manter uma vida confortável em Espanha, um bom salário líquido mensal deve rondar os 2.700 euros para uma pessoa solteira, ou 4.000 euros para alguém que sustente uma família.
Na Irlanda, o valor considerado “bom” para uma vida confortável é mais elevado, situando-se entre 4.100 e 6.000 euros brutos por mês, de acordo com dados da Instarem. A média salarial para trabalhadores a tempo inteiro no país é de 3.220 euros por mês.
O desafio de Portugal para reduzir a disparidade salarial
O aumento do salário mínimo em Portugal representa uma iniciativa importante para melhorar a condição de vida dos trabalhadores, mas a comparação com os seus congéneres europeus revela que ainda há um longo caminho a percorrer. Com o objetivo de atingir os 1.020 euros em 2028, o Governo pretende reduzir a diferença face aos países da Europa Ocidental, mas mesmo esse valor continuará a ficar abaixo dos salários mínimos praticados nos países líderes da União Europeia.