Invisibilidade, letalidade e IA: o que distingue os aviões de combate mais caros do mundo que Portugal pretende comprar?

O general João Cartaxo Alves, chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), deixou o aviso: Portugal precisa de ‘reformar’ os obsoletos F-16 e avançar para a compra de 27 caças F-35 da Lockheed Martin sob risco de “perder a soberania aérea” – no entanto, há um custo astronómico associado, de cerca de 275 milhões de euros por ano, ao longo de 20 anos, ou seja, 5,5 mil milhões de euros.

Os F-35 são uma das armas mais evoluídas do mundo: de acordo com o CEMFA, em declarações à ‘CNN Portugal’, já houve vários contactos com a embaixada americana em Portugal bem como como o fabricante. No entanto, a decisão da compra “é sempre política”, revela Cartaxo Alves, salientando que os representantes políticos “deste e do anterior Governo” estão a par desta intenção dos militares. “Para a Força Aérea a escolha está tomada. O F-35 é muito mais do que um avião, é um programa e uma capacidade. Seria fundamental para a Defesa do nosso espaço aéreo e para assegurar o cumprimento dos nossos compromissos”, revela Cartaxo Alves.

No entanto, o processo vai ser demorado e já começa tarde: “o primeiro avião pode só chegar daqui a sete anos”, admite o CEMFA, acrescentando que estes caças vão chegar “de forma faseada”: o número de caças avançado pelo general tem em conta “o número de missões que temos de cumprir”, assim como as que “precisam de estar em manutenção”, potenciais avarias e reservas.

Assim que exista um acordo entre o Governo português e o Departamento de Defesa americano, a FAP começa todo o processo de transição, que passa pelo envio de técnicos e pilotos para os Estados Unidos da América, onde será feita a formação.

Mas onde está a mais-valia dos novos F-35 face aos F-16?

Desde logo, estes últimos têm uma baixa capacidade de sobrevivência no campo de batalha moderno, devido à proliferação dos radares e sistemas de defesas antiaéreos, apesar da boa capacidade de letalidade. Já os F-35 é praticamente invisível ao radar devido ao seu design e aos materiais que absorvem a radiação. “Os nossos F-16 correm o risco de levantar voo para destruir um alvo e, se tiverem pela frente um avião de quinta geração, são abatidos sem se aperceberem de onde veio o ataque”, explica o general Cartaxo Alves.

O F-35 é capaz de atingir uma velocidade de 1,6 vezes a velocidade do som e pode, face ao F-16, transportar quase o dobro do combustível, ou seja, um raio de ação muito superior, um característica apreciada pela Força Aérea Portuguesa, que tem de garantir a soberania de todo o território nacional, que inclui o vasto espaço marítimo português. Pode acrescentar também capacidade no domínio de defesa antiaérea, uma das maiores vulnerabilidades das forças armadas portuguesas.

Mas o principal destaque dos F-35 está na forte componente tecnológica: o caça transporta um conjunto dos sensores mais avançados da história da aviação, estando particularmente preparado para a guerra eletrónica. Sobretudo no software: estes aviões são continuamente atualizados desde que foram lançados, o que permite que se mantenham permanentemente ajustados às mais recentes inovações do campo de batalha. Nos próximos anos, o Pentágono planeia integrar diversos sistemas de Inteligência Artificial no F-35, de forma a garantir que ele permanece relevante durante as próximas décadas.quais

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