“Portugal não está completamente imune a respostas híbridas do Irão”, alerta especialista

Portugal não está imune a “respostas híbridas” do Irão, alertou esta terça-feira João Annes, do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES, em declarações à ‘SIC Notícias’. A tensão entre Israel e Teerão ‘disparou’ após o ataque do passado fim de semana, naquela que foi uma mensagem muito clara “da ameaça direta do Irão sobre Israel” – um conflito que poderá vir a afetar o nosso país, alertou o especialista.

Na sequência do ataque, Marcelo Rebelo de Sousa convocou o Conselho Superior de Defesa Nacional: para João Annes, deve ser uma oportunidade para “percebermos o nosso papel nas Forças Armadas como instrumento da política externa, como instrumento para mostrar a capacidade de Portugal cumprir os seus compromissos no quadro da União Europeia e também no quadro da NATO”.

Na reunião do Presidente da República – que vai contar com o primeiro-ministro, os ministros de Estado e da Defesa Nacional, Negócios Estrangeiros, Administração Interna, Finanças e responsáveis pelas áreas da indústria, energia, transportes e comunicações, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e os chefes da Armada, do Exército e da Força Aérea -, é necessário que os responsáveis políticos e militares se unam “em três objetivos muito claros: como é que vamos capacitar as Forças Armadas para os conflitos do futuro”, como é que vamos “valorizar o papel dos nossos militares” e “como é que vamos contribuir para a dissuasão coletiva da Rússia, apoiando a Ucrânia de uma forma mais eficaz”.

“Lembrar que Portugal não está também completamente imune a outro tipo de respostas híbridas que o Irão é perfeitamente capaz de fazer e, portanto, no Conselho Superior de Defesa Nacional era muito importante que se discutisse o papel da ciberdefesa e da cibersegurança em Portugal”, reforçou João Annes.

A resposta de Israel ao Irão vai ser alvo de muita especulação. Telavive tem noção que se realizar um ataque às instalações nucleares do Irão pode comprometer todo o apoio internacional que tem recebido, realçou João Annes. “Temos de nos colocar no lugar de um país que ainda há poucos dias viu todo o seu espaço aéreo ser sobrevoado por mais de 300 mísseis e drones (…) que tinham como objetivo por parte do Irão de provar que, se quiser, é capaz de atingir um alvo perfeitamente definido, em qualquer ponto do Estado de Israel”, referiu.

O ataque do Irão contra Israel, em que, segundo Telavive, foram utilizados mais de 300 ‘drones’, mísseis balísticos e de cruzeiro, ocorreu duas semanas depois de um atentado bombista ao consulado iraniano em Damasco, no qual morreram vários membros da Guarda revolucionária iraniana, ataque que Teerão atribui a Israel.

Segundo o exército Israelita, dos cerca de 170 ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) que o Irão lançou antes da meia-noite, nenhum atingiu o território israelita e 25 dos cerca de 30 mísseis de cruzeiro e quase todos os “mais de 120” mísseis balísticos também foram intercetados.

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