Portugal é único país entre mais de 20 na Europa com “excesso muito elevado” de mortalidade. DGS alerta para tendência e deixa conselhos à população

Desde as últimas semanas de 2023, em particular da semana 51 do ano passado, que Portugal tem vindo a registar um excesso de mortalidade muito acima do habitual. As últimas análises e balanços do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) e da Direção-Geral da Saúde (DGS), relativos à última semana do ano passado, confirmam isso mesmo, e revelam que a tendência se deverá continuar a verificar nos próximos dias.

De acordo com dados do site europeu EuroMOMO, que faz a vigilância da mortalidade, citados pelo Diário de Notícias, revelam que Portugal é, no início de 2023, o único país entre mais de 20 na Europa com a classificação de “excesso muito elevado” de mortalidade.

Entre os outros países considerados (Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido, Malta e Ucrânia), atrás de Portugal surgem a Grécia, com “excesso moderado” de mortalidade e a região inglesa da Escócia, bem como de Inglaterra (esta última com “excesso moderado”.

Por outro lado, no norte da Europa, apenas a Dinamarca regista “excesso reduzido” de mortalidade, com todos os outros países a registarem número perto do habitual.

Ao mesmo jornal, Milton Severo, epidemiologista do Instituto de Saúde Pública (ISP) da Universidade do Porto, adianta que pode haver mudanças na classificação de alguns países europeus, já que é possível que haja algum atraso na atualização e comunicação dos dados de excesso de mortalidade.

Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos sete dias houve mais 797 mortes do que o esperado. Na sexta-feira passada o número foi de 751.

O especialista continua, assinalando que a onda de crime e o número de episódios de urgência estão “dentro do esperado”, “a grande diferença é mesmo o tempo médio de espera para a triagem dos doentes, que aumentou muito”, de uma média de 30 minutos para mais de duas horas, na última semana.

“Podemos ter sido o primeiro país a desenvolver uma onde epidémica de gripe, mas estamos claramente acima dos restantes países europeus”, assinala Milton Severo, considerando “preocupante” o excesso de mortalidade registado por Portugal.

Sobre a última semana de 2023, a DGS, no relatório publicado, confirma que “desde a semana 51 de 2023, observou-se um excesso de mortalidade por todas as causas, nos grupos etários com 45 ou mais anos. A mortalidade por COVID-19 apresentou uma tendência crescente, abaixo do limiar do ECDC”.

A gripe continua a pressionais os serviços de urgência e a DGS avisa que o vírus está a circular rapidamente pelo que, perante a vaga de fio dos próximos dias, as autoridades de saúde admitem que a mortalidade possa continuara subir até ao final do mês.

A DGS admite que a vacinação contra a vacina da gripe está abaixo dos números da anteriores campanha, mas está próxima do “melhor cenário” desenhado para a época de outono-interno 2023/2024, com 2,5 milhões de pessoas vacinadas.

A Análise da situação epidemiológica em Portugal “sustenta a manutenção da vacinação contra a COVID-19 e contra a gripe” que, segundo a DGS, “mantém-se como instrumento fundamental de proteção da população”.

A DGS recorda que “a atividade dos vírus respiratórios sustenta a comunicação da adoção de medidas de proteção individual contra as infeções respiratórias pela população. Conforme Norma 013/2022 da DGS, recomenda-se igualmente a utilização da máscara por todas as pessoas com sintomas respiratórios agudos sempre que estiverem em contacto com outras pessoas ou em espaços de utilização partilhada” e recomenda à população que adote medidas de proteção individual contra o frio.

 

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