Popularidade de Kamala disparou, diz nova sondagem. Subida é semelhante à de Bush após os atentados de 11 de Setembro

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, registou um aumento notável de 16 pontos na sua favorabilidade desde julho, um feito histórico que só encontra paralelo na subida de popularidade do então presidente George W. Bush após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A sondagem, conduzida pela NBC News e publicada no domingo, revela este crescimento surpreendente, que é considerado o mais significativo entre todos os candidatos presidenciais de um grande partido durante este período, segundo os dados da NBC.

A sondagem, realizada entre 13 e 17 de setembro e que envolveu 1.000 eleitores registados, marca a ascensão mais expressiva registada por qualquer candidato presidencial nas sondagens da NBC News. Em julho, Kamala Harris, candidata democrata, era vista de forma positiva por apenas 32% dos eleitores, enquanto 50% tinham uma opinião negativa sobre ela, resultando numa avaliação líquida de -18. Este valor era, na altura, bastante similar ao de Joe Biden, presidente em funções.

No entanto, os dados mais recentes mostram uma reviravolta significativa: Harris passou a ser vista positivamente por 48% dos inquiridos, enquanto 45% mantêm uma perceção negativa, resultando numa avaliação líquida de +3. Segundo a NBC News, nenhum outro candidato presidencial de um grande partido experienciou um aumento tão acentuado de popularidade numa eleição, com base nos 35 anos de dados de sondagens da rede televisiva.

Para encontrar subidas de popularidade semelhantes, é necessário recuar até eventos marcantes da história recente dos Estados Unidos. O então presidente George W. Bush viu a sua popularidade aumentar cerca de 30 pontos após os ataques de 11 de setembro de 2001. Já o seu pai, o presidente George H.W. Bush, registou um aumento de 24 pontos depois da Primeira Guerra do Golfo. Outro exemplo é Ross Perot, candidato independente que observou um aumento de 23 pontos quando reentrou na corrida presidencial de 1992, após inicialmente ter retirado a sua candidatura.

Enquanto Kamala Harris vive este momento de ascensão, o antigo presidente Donald Trump, candidato republicano, não registou mudanças significativas. A sua avaliação líquida permaneceu praticamente inalterada desde julho, com 40% de opiniões positivas e 53% de opiniões negativas, resultando numa avaliação líquida de -13.

Jeff Horwitt, da Hart Research Associates, comentou a situação em entrevista à NBC News: “Em julho, havia um forte vento contrário a Biden que dificultava o seu caminho para a vitória. Hoje, os ventos parecem estar a soprar a favor de Kamala Harris”. Horwitt, que é um sondador democrata, conduziu a pesquisa juntamente com Bill McInturff, um sondador republicano da Public Opinion Strategies. A margem de erro da sondagem é de 3,1 pontos percentuais.

Apesar do aumento na popularidade de Harris, o inquérito também revela desafios importantes para os democratas. A inflação e o custo de vida continuam a ser as maiores preocupações dos eleitores, com 66% a afirmar que o rendimento das suas famílias não acompanha o aumento dos preços.

Embora a vice-presidente se destaque na questão da “mudança”, um outro dado da sondagem aponta para uma fraqueza potencial associada à sua ligação ao atual presidente. Cerca de 40% dos eleitores expressam preocupação de que Harris possa continuar com as políticas de Biden, enquanto 39% manifestam receio de que Trump possa repetir as estratégias do seu primeiro mandato. Apenas 18% indicam que nenhuma das opções é motivo de preocupação.

Ainda sobre a perceção do rumo do país, 65% dos eleitores acreditam que os Estados Unidos estão no caminho errado, em contraste com 28% que consideram o percurso atual como o correto. Embora a percentagem de descontentamento seja inferior ao habitual durante a administração Biden-Harris, reflete uma frustração semelhante à que antecedeu as mudanças de partido na Casa Branca em 2016 e 2020.

Apesar do crescimento na popularidade de Harris, os estados decisivos que determinarão o vencedor no Colégio Eleitoral em novembro continuam a apresentar margens extremamente apertadas. As sondagens nacionais revelam que Trump mantém uma vantagem constante sobre Biden, com margens geralmente a oscilar entre 2 e 4 pontos percentuais.

No entanto, o panorama político sofreu uma mudança significativa quando Joe Biden anunciou a sua retirada da corrida a 21 de julho, após um fraco desempenho num debate contra Trump em junho. A emergência de Kamala Harris como a candidata democrata alterou a dinâmica da corrida, com as sondagens mais recentes a mostrarem uma disputa renhida, frequentemente dentro da margem de erro.

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