“Pontaria não faltou”: ativistas atingem Luís Montenegro na cabeça com tinta verde em Lisboa. Veja aqui o vídeo

O líder da Aliança Democrática, Luís Montenegro, foi atingido esta quarta-feira com tinta verde, atirada por ativistas climáticos, durante uma ação de campanha na Bolsa de Turismo de Lisboa. A polícia, que acompanhava a comitiva da coligação, interveio rapidamente e afastou os jovens do líder social-democrata.

Veja aqui o vídeo do momento:

Luís Montenegro reagiu com humor ao incidente. “Pontaria não faltou”, começou por referir o líder social-democrata. “Há que lamentar o episódio. Tenho todo o respeito pelas pessoas que se manifestam em defesa das suas causas, mas se a ideia era transmitir-me as preocupações que devemos ter com as alterações climáticas e sustentabilidade, era mais fácil termos conversado e dialogado sobre isso.”

“O nosso programa eleitoral contempla várias medidas e o objetivo é ter garantias de uma economia forte, qualidade de vida, e ao mesmo tempo deixar a quem vier a seguir um planeta cuidado, e uma sociedade com sustentabilidade em todos os domínios”, assegurou.

“Penso que estou focado, todos os dias, em dar resposta aos problemas dos portugueses e contribuir para termos um mundo e um país equilibrado e sustentável. Tenho um compromisso muito grande com as preocupações com o clima e com o ambiente, de tal maneira que na organização do Governo formarei um Conselho de Ministros temático, especializado, para a transição climática e energética”, apontou Luís Montenegro.

“Creio que era esta a mensagem de sensibilização que me queriam enviar sobre estas matérias. Não era necessário, espero que a juventude portuguesa possa abraçar causas e propósitos coletivos mas não tenha de estragar o normal funcionamento”, indicou, salientando que não causa “um transtorno excessivo, exceto atrasar a agenda”. “Vou ter de me limpar, isto aqui não sai. Não sei que material é este”, terminou, não querendo responder sobre se ativistas poderiam estar a ser instrumentalizadas por outras forças políticas nacionais.

“Não faço ideia. Não quero que o debate político ande sempre à volta de pequenos casos e teorias de conspiração. Quero o esclarecimento das propostas políticas”, apontou.

“No nosso programa eleitoral, estão várias medidas na área da transição energética e climática. Objetivamente, fomentar a economia circular, a diminuição do carbono e o reaproveitamento dos resíduos. A política ambiental do PSD foi sempre na primeira linha”, concluiu, salientando que “por mais tinta que me atirem, não me vou desviar do caminho”.

Já o líder do CDS-PP, Nuno Melo, a acompanhar a ação de campanha, considerou ser “um protesto infantil, uma brincadeira idiota de uns miúdos que não têm noção”.

O candidato social-democrata tinha uma agenda cheia nesta quarta-feira: uma arruada em Almada, a partir das 13 horas, seguido de um almoço com pescadores. Durante a tarde, iria deslocar-se a Évora para visitar a UCC Santa Casa da Misericórdia, terminando o dia com um comício na cidade alentejana.

Partidos políticos reagem

Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, já reagiu ao incidente: num post na rede social ‘X’, lamentou o “ataque à liberdade na campanha eleitoral e portanto à democracia”.

“Condeno qualquer protesto em contexto de campanha democrática”, frisou Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, em campanha em Leiria. “Temos de saber respeitar. Os partidos estão a fazer legitimamente as suas campanhas, a apresentar os seus projetos. E depois o povo expressa a sua intenção de voto. Não tenho conhecimento do protesto e lamento profundamente. Acho que não se deve repetir.”

Já Inês Sousa Real, líder do PAN, garantiu não ser esta “a forma mais correta de lutar contra as alterações climáticas, embora tenha reconhecido a “insatisfação dos jovens”. “No próximo dia 10 de março, há uma força que está representada no boletim de voto e que luta pelo combate às alterações climáticas“, sublinhou a porta-voz do PAN.

Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, salientou que o protesto “está a legitimar as forças mais extremistas da sociedade, contribuindo para atacar a democracia e a liberdade”.

Rui Tavares, responsável pelo Livre, desejou que “o mesmo não aconteça com outros candidatos”, apelando para uma campanha eleitoral “segura”. “Devemos desejar tranquilidade a toda a gente que está a fazer uma campanha eleitoral, que é um momento sagrado da democracia, que é o direito de voto”, frisou.

O último a reagir foi André Ventura, presidente do Chega. “O que aconteceu em Lisboa, em que o candidato da AD foi atacado com tinta, é um ato desprezível e de cobardia. Isto não ajuda causa nenhuma, não representa de todo os jovens portugueses e merece condenação inequívoca. Solidariedade!”, escreveu.

“Penso que, a partir de certa altura, é uma ação muito ineficaz. Francamente, já perdeu eficácia”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, também em Lisboa. “Aconteceu na campanha, com ministros… tem acontecido várias vezes.”

Movimento Fim ao Fóssil assume a responsabilidade

Os ativistas que atacaram Luís Montenegro fazem parte do Movimento Fim ao Fóssil – num post na rede social ‘Telegram’, indicaram que estão “cinco pessoas retidas numa sala” e que a “polícia está a impedi-los de sair”.

Em comunicado, o movimento cívico climático salientou que “nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática” e “nenhum programa político prevê como vamos fazer a transição justa nos prazos da ciência”, indicou o porta-voz do grupo Vicente Magalhães

“Vivemos em emergência climática. Nenhum partido tem legitimidade para criar Governo se continuar a ignorar a maior crise que a humanidade já enfrentou”, referiu “alertando para o facto das eleições em 2024 darem mandato até 2028, ou seja, que este seria o último mandato para garantir fim aos fósseis até 2030”.

Os estudantes do Fim ao Fóssil “prometem voltar”, garantindo que “esta primavera vão mobilizar estudantes nas escolas e interromper o funcionamento das instituições de poder que dizem estar ‘a condenar o nosso futuro'”.

PSP detém cinco ativistas climáticos

A Polícia de Segurança Pública (PSP) intercetou, esta manhã (pelas 11h50), cinco indivíduos pertencentes a uma organização ambientalista, tendo um deles atirado tinta ao líder da Aliança Democrática.

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