Pode o aquecimento global ser travado com diamantes no céu? Cientistas dizem que sim… mas há um problema gigante

É uma ideia digna de um filme de ficção científica: mas será que espalhar milhões de toneladas de diamantes no céu poderá ser a solução para travar o aquecimento global?

De acordo com cientistas do Instituto de Ciências Atmosféricas e Climáticas, do ETH Zurique, sim, pode ser uma solução: os especialistas propuseram-se investigar os efeitos da pulverização de vários aerossóis na atmosfera para arrefecer o plano – e apesar de estudos anteriores se terem concentro no dióxido de enxofre, os cientistas descobriram que os diamantes podem, na realidade, ser mais eficazes.

De acordo com os seus modelos, lançar cinco milhões de toneladas de pós de diamante na estratosfera todos os anos poderia arrefecer a Terra em impressionantes 1,6°C.

No entanto, há um sério revés no projeto: os investigadores preveem que custaria algo como 200 biliões de dólares (cerca de 184,4 biliões de euros). Para colocar isto em perspetiva, é cerca de 800 vezes mais do que o património líquido de Elon Musk, que é atualmente a pessoa mais rica do mundo!

As emissões globais de gases com efeito estufa têm aumentado ano após ano – com efeitos devastadores na temperatura da Terra. O mês passado foi o segundo setembro mais quente alguma vez registado, com a temperatura média global do ar a atingir os 16,17°C. Em 2024, já foram batidos diversos recordes, com os meses mais quentes de sempre – janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho.

Os cientistas climáticos de todo o mundo estão a analisar várias medidas para abrandar este aquecimento – incluindo a remoção de gases com efeito estufa da atmosfera e a limitação de emissões futuras. Mas, no estudo publicado na revista científica ‘Geophysical Research Letters’, é proposto pulverizar no ar partículas de refletem a luz solar – uma técnica conhecida como injeção de aerossol estratosférico (SAI).

A maioria dos estudos anteriores da SAI centrou-se na injeção de dióxido de enxofre (SO2) no ar – um processo que ocorre naturalmente durante as erupções vulcânicas. Mas também enfrenta “várias limitações”: o dióxido de enxofre não só reagiria para provocar chuva ácida em todo o mundo, como também poderia prejudicar a camada de ozono e causar estragos nos padrões climáticos.

Em vez disso, a equipa de cientistas modelou os efeitos da pulverização de seis substâncias sólidas – diamante, calcite, alumínio, carboneto de silício, anatase e rutilo – na estratosfera. Foram então medidos os efeitos de cada partícula durante um período de 45 anos, incluindo a forma como seria transportada pelo mundo, como absorveria ou refletiria o calor, e se se aglomeraria ou não.

Segundo os resultados dos modelos testados, as partículas de diamante eram as melhores a refletir o calor, ao mesmo tempo que se mantinham no alto e não se aglomeravam. E como os diamantes são inertes, não reagiriam para formar chuva ácida.

“Os efeitos secundários resultantes na circulação e no clima, especialmente das injeções de diamante, poderiam ser substancialmente reduzidos em comparação com o SO2, tornando as partículas de diamante mais adequadas para a SAI do ponto de vista das propriedades óticas entre os materiais aqui investigados”, explicaram os investigadores.

No entanto, para atingir 1,6°C de arrefecimento – o suficiente para evitar as piores consequências do aquecimento global – seriam necessários diamantes… muitos diamantes. Em declarações à revista ‘Science’, Sandro Vattioni, principal autor do estudo, revelou que seria necessário pulverizar cinco milhões de toneladas de partículas de diamante na estratosfera todos os anos. Com base nas descobertas, é altamente improvável que a pulverização de diamantes no céu se torne uma realidade tão cedo.

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