Plataformas de Trading: qual a oferta do mercado em Portugal?

Seja para investidores de longo prazo que procuram as comissões mais baixas de guarda de títulos e dividendos, ou daytraders, analisámos a oferta do mercado de investimento em Portugal e apresentamos algumas soluções de bancos de retalho com serviços de corretagem, bancos de investimento e plataformas de investimento para os diferentes perfis de investidor: as conclusões apontam para o facto de as maiores limitações do mercado português residirem no acesso ao mercado asiático e a Opções.

Custos e acompanhamento diferem bancos de plataformas de trading

Se investir nunca foi tão fácil, escolher a corretora mais competitiva nunca foi tão difícil… Atualmente, existem duas ofertas diferenciadas no mercado da corretagem – os bancos e as plataformas de trading – cada um com as suas vantagens e desvantagens.

Tanto os bancos como as plataformas financeiras de trading (os intermediários financeiros) permitem aos investidores o acesso aos mercados financeiros. Mas o que distingue verdadeiramente uma plataforma de um banco tradicional – que também oferece serviços de compra e venda de ações – são os custos e o acompanhamento ao investidor.

A oferta no mercado nacional em termos de ativos, preçários e serviços agregados é robusta e diversificada, estando adaptada aos vários tipos de investidor”, refere Sérgio Pereira, diretor geral da plataforma de comparação de produtos financeiros ComparaJá.pt.

Em grande parte das plataformas online o cliente tem acesso, seja por email ou por telefone, à sala de mercados para poder discutir com um trader sobre a direção estratégica do investimento ou mesmo executar ordens diretamente. Nas plataformas online podem igualmente ser encontrados os preços mais competitivos e um maior foco nos canais de acesso aos ativos com a possibilidade de o investidor ter acesso no computador, telemóvel e tablet aos dados e operações que necessita.

Os bancos, particularmente os chamados bancos de investimento, para além de prestarem os serviços de corretagem, disponibilizam também serviços de aconselhamento e gestão de portefólio, algo que na opinião do responsável do ComparaJá.pt “pode ser útil para os investidores que não estão muito informados sobre o mercado de investimentos ou simplesmente não têm tempo para acompanhar e gerir o seu portefólio regularmente”. Neste campo, todos os bancos de investimento têm oferta variada consoante o que for pretendido.

Outra das diferenças passa pelos serviços ditos “normais” que os bancos de investimento também prestam, tais como contas à ordem, cartões de crédito e depósitos a prazo que não estão disponíveis nas plataformas exclusivamente online e que poderão ser úteis quando ter liquidez rapidamente é o principal objetivo.

É recomendável investir apenas aquele capital ‘extra’ que não vai ser necessário no curto prazo ou numa emergência”, alerta o fundador do portal independente de comparação financeira.

Sendo cliente de um banco, provavelmente os investidores vão conseguir vender ativos de manhã e ter o capital disponível no mesmo dia na sua conta, dependendo da liquidez do ativo”, avança Sérgio Pereira, constatando que o mesmo será “pouco provável de acontecer nas plataformas online, nas quais o cliente estará sempre sujeito ao tempo da transferência entre instituições bancárias”. Outro fator diferenciador pode passar por haver uma presença física por parte dos bancos, enquanto a maioria das plataformas não dispõe de um serviço de atendimento presencial.

Acesso aos diferentes produtos é crucial na hora de comparar plataformas

A grande diferenciação neste setor resume-se fundamentalmente em três vetores: acesso a diferentes produtos, custos das operações e plataformas a que o investidor tem acesso para efetuar essas mesmas operações.

“Para os investidores mais experientes que pretendem aceder a uma gestão avançada do seu portefólio com capacidade de hedging, o acesso a operações de Opções e Forex é indispensável. Por outro lado, um investidor que queira apenas ter acesso a fundos de investimento, ETF’s ou obrigações e não pretende fazer trading de forma ativa, uma plataforma simples e custos mais baixos de guarda de títulos serão as suas prioridades na hora da escolha”, sublinha o diretor geral do ComparaJá.pt.

Uma das principais características que os investidores devem comparar na hora de escolher a sua plataforma é o acesso aos diferentes produtos, entre os quais estão ações, obrigações (Soberanas e Comerciais), Opções, ETF’s, CFD’s, Forex, Warrants e outras derivadas”, acrescenta Sérgio Pereira.

No caso de o investidor já ter noção dos ativos em que pretende apostar, é importante escolher os mercados em que os quer negociar. Nestas situações, a grande maioria das corretoras dá acesso aos principais mercados bolsistas mundiais.

Outro fator importante é o facto de se poderem fazer operações de venda a descoberto (short-selling). A grande maioria das plataformas online só permite fazer “short” através de CFD’s, que são instrumentos financeiros mais complexos que as ações e que estão sujeitos a outro tipo de comissões e alavancagem. “Poder fazer uma venda a descoberto diretamente sobre uma ação é algo que pode ser vantajoso. No entanto, é algo que só alguns operadores o permitem e, mesmo esse, limitam a algumas bolsas”, refere Sérgio Pereira.

Só algumas entidades permitem acesso ao pré e pós mercado das bolsas, um fator diferenciador principalmente para os daytraders ou para quem queira fazer trades com base em earnings e outras estratégias. Quando se fala em mercados financeiros, o acesso a este tempo extra pode fazer toda a diferença.

Alguns ativos financeiros (como os CFD’s) pressupõem o acesso a alavancagem (leverage), sendo o tipo mais comum a disponibilização pelas entidades financeiras o leverage sobre uma percentagem do portefólio, pagando ou não uma comissão. Quando utilizada de forma moderada e responsável, a alavancagem poderá ser útil em alguns trades, sendo, no entanto, um recurso para recomendável apenas a pessoas experientes.

Por fim, outro dos principais fatores diferenciadores são as plataformas de software. Praticamente todos os operadores têm plataformas para instalar no computador ou para utilizar online, alguns recorrendo à plataforma whitelabel do Saxo Bank para o fazer (utilizando o seu próprio branding), que é uma plataforma competente e comprovada no terreno.

Desde plataformas de simples utilização e sem análise técnica disponível, até charting avançado com várias médias móveis e outros indicadores técnicos, a nível de software a oferta não deixa de todo a desejar.

No geral, o mercado com o qual é mais difícil interagir seja em termos de Opções ou de ações é o mercado asiático, um ponto negativo, já que as diferenças horárias permitem alguns trades interessantes neste mercado.

CMVM é o agente regulador do setor em Portugal

A regulação deste setor é tarefa da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), cujo website oficial apresenta a lista de intermediários autorizados a prestar este tipo de serviços em Portugal.

Existem também outras entidades que se encontram no regime LPS (Livre Prestação de Serviços) a atuar em território nacional. Estas são instituições autorizadas a atuar em Portugal, mas cuja regulação é tutelada por órgãos não nacionais, como é, por exemplo, o caso da DEGIRO, que é tutelada pela AFM holandesa e pelo Banco Central Holandês.

A CMVM disponibiliza ainda ao público um simulador online de custos para os diferentes ativos nas várias instituições financeiras afetas ao regulador.

Para um particular poder começar a investir, segundo a legislação terá sempre que responder a um questionário – facultado pela entidade financeira – para definir o seu perfil de risco e os conhecimentos que tem dos vários ativos.

Um outro pormenor, que grande parte das pessoas não conhece, é o Sistema de Indemnização aos Investidores (SII). Em Portugal, os investidores estão protegidos pelo Sistema de Indemnização aos Investidores (SII), que protege os investidores privados de falta de liquidez por parte do intermediário financeiro até um valor máximo global de 25 mil euros, face a algumas condicionantes que podem ser encontradas no website oficial da CMVM, onde os consumidores encontram igualmente todos os preçários atualizados das várias instituições.

Quais os principais players a operar no mercado nacional?

Em Portugal, praticamente todos os bancos prestam serviços de corretagem, podendo a área ser segmentada em três principais categorias correspondentes a bancos de retalho com serviços de corretagem, bancos de investimento e, por fim, plataformas de investimento.

Relativamente aos bancos de investimento, a operar em Portugal estão o Deutsche Bank AG, o Banco Invest, o Banco Carregosa, o Banco Best e o Banco de Investimento Global (BiG).

Finalmente, as plataformas de investimento às quais os portugueses têm acesso são a X-Trade Brokers, Plus 500, DEGIRO, Orey iTrade e ActivoTrade, que pertence ao ActivoBank do Millennium bcp.

Acesso ao mercado asiático e a Opção são as maiores limitações do mercado português

Da análise realizada ressalta o facto de as maiores limitações do mercado português residirem no acesso ao mercado asiático e a Opções.

Tabela comparativa de plataformas de trading em Portugal

DEGIRO: competitividade assente num modelo diferente

Das plataformas de trading analisadas, a que surge com as comissões mais competitivas é a DEGIRO, apresentando 0,50 euros por cada transação efetuada na Euronext Lisboa, por exemplo, o que contrasta com os 12 euros por transação apresentados pela Dif Broker.

Para além dos baixos preços no geral, a DEGIRO oferece também a transação sem custos de uma grande quantidade de ETF’s (um dos mais populares, o SPY que representa o S&P 500 é um dos não sujeitos a comissão), o que é especialmente atrativo para obter uma exposição alargada e diversificada ao mercado acionista sem pagar qualquer comissão (excluindo custos de câmbio).

Os preços competitivos da DEGIRO advêm do facto de operar com base num modelo diferente da concorrência: os ativos dos clientes não ficam em nome da entidade, mas sim de uma holding que conta com um funcionamento muito particular. É, portanto, recomendável a leitura atenta do Contrato de Cliente para se estar bem informado acerca das condições do serviço prestado.

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