PJ realiza grande operação em quatro câmaras do norte do país: há 20 detidos

As autarquias de Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Vila Flor e Alfândega da Fé, em Trás-os-Montes, estão a ser alvo de uma grande operação da Polícia Judiciária do Porto e de Vila Real, que arrancou por volta das 7h30 desta quarta-feira: em causa estão suspeitas no negócio das águas e das empresas municipais. Mais de uma centena de operacionais estão a participar nas buscas, que culminam mais de um ano de investigação por parte das autoridades.

O processo está a ser conduzido pelo DIAP do Porto e a ser dirigido no terreno pelo juiz Pedro Miguel Vieira, informou a ‘CMTV’: estão previstas várias detenções que, no entanto, não deverão afetar autarcas. Os negócios de empresas municipais estão a ser passados a pente fino e poderão estar em causa crimes de corrupção e tráfico de influências. Os detidos vão ser encaminhados para interrogatório no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, sob a responsabilidade do juiz Pedro Miguel Vieira.

Em comunicado, a Polícia Judiciária, “através do Departamento de Investigação Criminal de Vila Real com o apoio de outras unidades da PJ, no âmbito de um inquérito titulado pelo Ministério Público – DIAP Regional do Porto”, realizou 60 buscas domiciliárias e não domiciliárias, que visaram particulares, empresas e entidades públicas em Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Guarda, Lisboa, Porto, Vila Real e Viseu.

“As diligências culminaram com a detenção de 20 pessoas, e na constituição de vários arguidos, designadamente pela prática dos crimes de abuso de poder, falsidade informática, falsificação de documento agravado, associação criminosa, prevaricação, propagação de doença e falsificação de receituário”, referiu a PJ, que indicou que a investigação “tem por objeto a atividade fraudulenta de um laboratório responsável pela colheita e análise de águas destinadas a consumo humano, águas residuais, águas balneares, piscinas, captações, ribeiras, furos, poços e outras”.

“O laboratório visado, que está devidamente acreditado, procedia à falsificação de todos os procedimentos de amostragem e análises relativas ao controlo de águas de consumo humano contratadas pelas entidades gestoras (Câmaras Municipais, Entidades Intermunicipais ou outras entidades em que foi concessionado aquele serviço público), em conluio com alguns dos funcionários, dirigentes e eleitos locais destas entidades”, acusou a Polícia Judiciária.

“A atividade fraudulenta do laboratório também se manifestava ao nível do controlo de águas residuais, nas análises realizadas para avaliação do cumprimento das licenças de descarga das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de diversos concelhos.”

Por último, “os detidos, com idades compreendidas entre os 25 e 61 anos, funcionários e dirigentes do laboratório, funcionários, dirigentes e eleitos locais das Entidades Gestores e ou empresas (câmaras municipais e empresas concessionárias), vão ser presentes a interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas”.

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