Megaoperação visa ex-diretor de comunicação do Benfica: PJ realiza buscas na sede da empresa de Luís Bernardo por suspeitas de corrupção

Luís Bernardo, antigo assessor de José Sócrates e ex-diretor de comunicação do Benfica, está a ser alvo de uma megaoperação da Polícia Judiciária, esta quinta-feira, devido a alegados crimes de corrupção, avança a ‘CNN Portugal’: estão mais de 100 inspetores na rua para cumprir dezenas de buscas que visam, entre outras, a atividade da empresa ‘Wonder Level Partners’ (WLP), pela forma como ganha contratos para liderar a comunicação de entidades públicas por ajuste direto ou consulta prévia.

Um dos casos em foco é o contrato de comunicação do Tribunal Constitucional, que, acreditam as autoridades, terá havido a viciação das regras da contratação pública: o contrato, celebrado em 2021, foi por ajuste direto e é um dos muitos contratos sob suspeita, com diferentes entidades públicas – sobretudo autarquias de norte a sul do país -, obtidos depois daquilo que o Ministério Público e a PJ suspeitam ser procedimentos de consulta prévia ao mercado falseados – num alegado conluio entre autarcas, Luís Bernardo e um amigo deste, o também consultor João Tocha, que detém a empresa ‘First Five Consulting’ – o empresário é também alvo da operação policial.

De acordo com os investigadores, poderá estar em causa um esquema de criação de aparência fictícia de legalidade – e que não é por acaso que em vários concursos de consulta prévia surgem em simultâneo, alegadamente simulando serem concorrentes, a ‘WLP’ de Luís Bernardo; a ‘First Five Consulting’ do amigo João Tocha; a ‘Remarkable’, de um sócio de João Tocha; e a ‘Sentinelcriterion’ de um sobrinho de Luís Bernardo: há casos em que os concorrentes não chegam a apresentar proposta ou apresentam propostas mais baixas – a PJ acredita ser propositado e previamente acertado na escolha do vencedor.

Segundo a revista ‘Sábado’, as empresas em questão, só em consultas prévias, terão celebrado contratos de mais de um milhão de euros com o setor público – tendo surgido sempre juntas nos concursos.

A Polícia Judiciária emitiu, esta manhã, um comunicado sobre a ‘Operação Concerto’, que pode ler na íntegra em baixo:

“A Polícia Judiciária (PJ), através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, procedeu hoje à realização de uma operação policial que visou a execução de 34 mandados de busca e apreensão, 10 buscas domiciliárias e 13 não domiciliária em organismos públicos, e 11 buscas não domiciliárias em empresas, em Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.

No âmbito de inquérito dirigido pelo DCIAP, investigam-se factos suscetíveis de enquadrar a prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio, abuso de poderes (titulares de cargos políticos) e abuso de poder (regime geral).

Em causa estão fortes suspeitas de favorecimento de empresas do setor da comunicação, publicidade, marketing digital e marketing político, por parte de diversas entidades públicas.

As diligências realizadas visam consolidar a indiciação de que, às empresas referenciadas pela investigação, terão sido adjudicados contratos, por ajuste direto ou por consulta prévia, em clara violação das regras aplicáveis à contratação pública, designadamente, dos princípios da concorrência e da prossecução do interesse público, causando elevado prejuízo ao Erário Público.

Participaram na operação cerca de 150 elementos da Polícia Judiciária, inspetores e peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além de 8 Magistrados do Ministério Público, no DCIAP.

A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ prosseguirá a investigação, com a análise aos elementos probatórios recolhidos, através do seu exame e eventual intervenção pericial, visando o apuramento integral de todas as condutas criminosas, o seu cabal alcance e, bem assim, a sua célere conclusão.”

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