Pizarro responsabiliza políticas “dos anos 80 e 90” pela atual falta de médicos: ministro admite fechar algumas urgências
Manuel Pizarro lamentou que as políticas de há 40 anos tenham conduzido à falta de médicos em Portugal, um problema que, em declarações à ‘CNN Portugal’, não é fácil de resolver. No entanto, o ministro da Saúde mostrou-se confiante que a reforma em curso do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “com a generalização das unidades de saúde familiar” que vão “permitir inverter este percurso”. “Não se faz de um dia para o outro nem de um mês para o outro. Até ao final de 2024, vamos ter de fazer um grande esforço porque vai ser difícil compensar todas as compensações”, explicou.
Para o responsável da tutela, importa aumentar o número de médicos formados. “Houve um erro de cálculo. Entre 2019 e 2024 há um grande conjunto de aposentações de médicos”, frisou, lembrando que mesmo assim não será suficiente a curto prazo. “Nos anos 80 e 90, as faculdades de medicina estavam praticamente fechadas e estamos a sofrer as consequências dessas políticas”, apontou Manuel Pizarro.
O ministro da Saúde colocou a possibilidade de encerrar, total ou parcialmente, de algumas urgências. “É algo que temos sempre em cima da mesa”, indicou, sublinhando que há contextos diferentes no país: pode implementar-se em Lisboa “um modelo inspirado pelo Porto, que há muito tempo tem urgências centralizadas e rotativas”. “Copiado não, porque as dimensões e circunstâncias são diferentes, mas inspirado”, referiu.
A “grande” reforma do SNS promete minorar os problemas, reforçou Manuel Pizarro. As unidades de saúde familiar “estão a crescer, são modelos muito satisfatórios para a população e para os médicos”, garantiu. “Estamos a testar vários modelos de reorganização dos hospitais. Em dois concelhos do país – Vila do Conde e Póvoa de Varzim -, que têm cobertura total dos médicos de família e uma urgência, estamos a fazer um apelo à população para que contacte a linha de Saúde 24 e procure um centro de saúde se não for de facto uma urgência. A experiência está a correr muito bem”. “Cada uma destas mudanças tem de ser precedida de um planeamento muito grande para não introduzir insegurança nas pessoas”, precisou, garantindo que pretende estender a experiência a outros pontos do país.