PGR confirma suspeitas de fuga de informação da polícia ao FC Porto sobre buscas no clube

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou oficialmente a suspeita de uma fuga de informação policial que terá favorecido a anterior direção do FC Porto. Em causa está um aviso prévio de buscas ao clube e à residência do então presidente Pinto da Costa, a 22 de novembro de 2021, bem como uma possível concertação com os dirigentes portistas sobre a data da operação.

Esta informação foi revelada pela CNN Portugal na segunda-feira, com base numa comunicação oficial da PGR.

Segundo uma nota enviada pela PGR à CNN Portugal, “a alegada fuga de informação sobre a data da realização das diligências é objeto de investigação no próprio inquérito onde foi determinada a realização das buscas”. Este inquérito é conhecido como o processo do “cartão azul”, que investiga suspeitas de desvio de verbas provenientes de transferências de jogadores e uma comissão milionária relacionada com os direitos de transmissão televisivos dos jogos do FC Porto.

A investigação do Ministério Público surgiu na sequência de uma escuta do processo Influencer. Em novembro de 2021, um telefonema entre o então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o seu pai, José Manuel Matos Fernandes, ex-presidente da assembleia geral do FC Porto, revelou uma alegada promiscuidade entre o clube e a polícia. Segundo a escuta, esta relação permitiu à direção de Pinto da Costa negociar a data das buscas à SAD, de forma a não prejudicar o ambiente de um jogo importante contra o Liverpool.

Durante a conversa telefónica, o ministro perguntou ao pai se tinha visto “as notícias” sobre o clube estar “a ser investigado”. José Manuel respondeu que sim e que, num jogo dos dragões frente ao Feirense, tinha informado Adelino Caldeira (dirigente) e Pinto da Costa (presidente) sobre a investigação. O pai do ministro acrescentou que “eles já sabiam que era hoje (operação de buscas à SAD do clube)”.

José Manuel Matos Fernandes revelou ainda ao filho que “eles até tinham pedido que fosse hoje para não ser no dia do jogo; e a polícia disse que então era na segunda ou na sexta-feira”.

A 22 de novembro de 2021, a PSP e a Autoridade Tributária, sob instruções do Ministério Público, realizaram buscas na SAD do FC Porto e na casa de Pinto da Costa. Estas diligências estavam relacionadas com comissões de transferências de jogadores e um negócio com a Altice sobre direitos de transmissão televisivos.

Na nota da PGR, é mencionado que a “investigação no referido inquérito está a cargo da Autoridade Tributária, Direção de Finanças de Braga, tendo as diligências de busca contado com a colaboração da PSP para aqueles atos em concreto. O agendamento das diligências foi feito exclusivamente com base nos interesses da investigação”. A alegada fuga de informação está a ser investigada no próprio inquérito que determinou a realização das buscas.

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