Petróleo a 150 dólares o barril? Tensões entre Israel e Irão aumentam risco de crise energética

O ataque recente do Irão a território israelita lançou um foco intenso sobre o mercado petrolífero global, acendendo alarmes entre os investidores e analistas. O jornal espanhol El Confidencial relata que, apesar de uma aparente calma inicial com os preços dos barris de Brent e West Texas registando quedas inesperadas na segunda-feira, existe um consenso entre especialistas de que as tensões geopolíticas poderiam facilmente desencadear uma nova crise energética.

Enquanto algumas empresas, como a Citigroup, projetam cenários onde os preços do petróleo poderiam ultrapassar os 100 dólares por barril, a Société Générale vai ainda mais longe, prevendo cenários que poderiam alcançar os 140 dólares. Estes aumentos significativos representam um risco palpável para a economia global. A Bloomberg Intelligence, por exemplo, calcula que um preço do petróleo na ordem dos 150 dólares por barril poderia resultar numa perda de até um trilião de dólares no PIB mundial.

Apesar da gravidade do ataque iraniano, muitos analistas acreditam que o evento possa ter sido mais uma “encenação teatral” do que uma tentativa real de infligir danos significativos em Israel. Esta percepção alimenta a ideia de que o ataque possa ser um incidente isolado, não sinalizando uma escalada iminente de tensões na região. No entanto, o papel do petróleo permanece crucial, já que o Irão é o quarto maior produtor da OPEP, sendo responsável por mais de 3% da oferta mundial de petróleo.

As eleições nos EUA como fator

Com as eleições nos Estados Unidos à porta, a Administração de Joe Biden adotou uma postura cautelosa, enfatizando a necessidade de uma resposta “diplomática” ao ataque iraniano e alertando Israel contra qualquer ação de represália. Esta abordagem sugere um esforço deliberado para evitar agravar as tensões no mercado energético, que poderiam prejudicar a recuperação económica dos EUA e intensificar as pressões inflacionárias.

Potenciais impactos: 3 cenários
Os analistas do banco ING identificaram três cenários principais que poderiam impactar o mercado petrolífero devido às tensões com o Irão. Primeiro, um aumento nas sanções contra o Irão poderia resultar numa perda diária de entre 500.000 e um milhão de barris de petróleo. Segundo, um ataque israelita à infraestrutura energética iraniana poderia causar perdas ainda mais significativas. Por último, o bloqueio do Estreito de Ormuz por Israel poderia levar a um aumento dramático nos preços do petróleo.

A OPEP tem a capacidade teórica de compensar a totalidade da oferta iraniana. No entanto, os analistas acreditam que o cartel buscará um equilíbrio para evitar preços excessivamente altos que possam prejudicar a demanda global. Além disso, os Estados Unidos poderiam recorrer às suas reservas estratégicas de petróleo, que contêm mais de 360 milhões de barris, para mitigar uma escalada nos preços.

Enquanto os investidores operam sob a expectativa de uma resolução pacífica e de que uma nova crise energética seja evitada, a calma atual no mercado é vista por muitos como temporária. Firmas como Goldman Sachs e a consultora energética Vanda Insights indicam que os preços recentes do petróleo já incorporavam um prémio de risco devido às tensões no Médio Oriente. Agora, com essa preocupação temporariamente atenuada, este prémio começa a diminuir, explicando as quedas recentes nos preços do petróleo. Contudo, a possibilidade de esta acalmia ser temporária e de novos desenvolvimentos geopolíticos inflacionarem novamente os preços não pode ser descartada.

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