Pernas azuis, o mais recente sintoma da ‘Covid longa’
Já há três meses que foi decretado o fim da emergência de saúde global da Covid-19, mas a decisão da OMS não significou o fim da doença nem, para muitos doentes recuperados, o fim dos sintomas. Para as vítimas da chamada ‘Covid longa’ ou persistente, vários sintomas, como o ‘nevoeiro’ mental, dificuldade de concentração, problemas respiratórios, renais ou gastrointestinais mantém-se mesmo meses (ou atém mais de um ano) após a infeção.
Até está em estudo um eventual efeito na precipitação do desenvolvimento da diabetes, mas um novo sintoma da Covid-19 longa está a dar que falar: pés, pernas e mãos azuis.
Manoj Sivan, médico da Universidade de Leeds, descreveu num estudo, publicado na revista científica The Lancelet, o caso de um paciente, de 33 anos, que desenvolveu acrocianose, que consiste numa coloração azulada (ou arroxeada, no caso da cianose), que se verifica nas extremidades. O homem fica com uma poça de sangue venoso depositada nas pernas quando está de pé, observaram os médicos.
Quando está deitado ou sentado o problema não se verifica mas, um minuto logo após se levantar, as pernas ficam avermelhadas e, 10 minutos depois, adotam coloração azulada e com as veias marcadas. O paciente relata também formigueiros e sensação de peso nas pernas.
A acrocianose começou a demonstrar-se no paciente durante a pandemia. Após infeção por Covid-19, o doente foi diagnosticado com síndrome de taquicardia ortostática postural, uma condição que causa um aumento anormal da frequência cardíaca ao se levantar. Esta doença poderá ajudar a explicar os sintomas que se continuaram a verificar.
O investigador quer que o caso sirva de alerta a outros médicos, que ainda não têm todas as explicações para os sintomas dos pacientes após a Covid-19, e a ligação entre esta doença e a acrocianose.