Peixes contaminados, bactérias resistentes: agência da UE aponta as ameaças iminentes devido ao aumento da temperatura das águas

A Agência Europeia do Ambiente (AEA) alerta, esta quarta-feira, para algumas das ameaças iminentes à Europa devido ao aumento da temperatura das águas do Velho Continente: graves intoxicações alimentares causadas por peixes contaminados, bactérias resistentes a medicamentos emergentes do derretimento do permafrost e populações de renas dizimadas pelo antraz.

De acordo com o jornal ‘POLITICO’, a AEA avisa ainda que a UE deve trabalhar mais para proteger as pessoas e o ambiente de doenças emergentes transmitidas pela água e da poluição num planeta em aquecimento. “Proteger vidas humanas e a saúde dos impactos das alterações climáticas, incluindo secas, inundações e deterioração da qualidade da água, é de extrema importância e urgência”, destaca a chefe da AEA, Leena Ylä-Mononen, em comunicado.

“As políticas europeias existentes em matéria de clima, água e saúde oferecem uma base sólida para a ação, mas precisam de ser implementadas de forma mais ampla e sistemática”, acrescenta Ylä-Mononen, isto numa altura de incerteza em redor do futuro do Acordo Verde Europeu, na sequência dos protestos dos agricultores e das queixas da indústria sobre a burocracia.

Em destaque no relatório está o degelo do permafrost no norte da Europa, que irá desencadear uma onda de agentes patogénicos e poluição anteriormente contidos – a libertação de patógenos previamente congelados – e resistentes a antibióticos – é uma preocupação que, embora a probabilidade de tais bactérias estarem ativas após o descongelamento seja baixa, de acordo com os autores, “as consequências da sua libertação são difíceis de prever”.

Podem ser também libertados contaminantes metálicos nas fontes de água, o que vai contaminar os alimentos e a qualidade da água, o que poderia significar um aumento no número de cancros, distúrbios do desenvolvimento e reprodução e doenças cardiovasculares.

É também alertado para o envenenamento por ‘Ciguatera’, uma doença de origem alimentar causada pela ingestão de peixe contaminado, que poderá difundir-se na Europa no futuro devido “ao aumento da densidade e alcance das microalgas tóxicas” em águas mais quentes. Assim, como um “risco aumentado de surtos de antraz que vão dizimar as renas representa uma séria ameaça para as comunidades pastoris do Ártico, através da redução da fonte de alimentos e rendimentos”.

“Não há dúvida de que os riscos para a saúde só se tornarão mais pronunciados no futuro – a menos que sejam tomadas medidas”, alerta a AEA. “Portanto, temos que agir agora.”

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