Pedro Nuno Santos não está disposto a perder a TAP. “Portugal não se pode dar a esse luxo”

O ministro das Infraestruturas reiterou hoje que o despedimento coletivo na TAP “é uma hipótese desde o início”, salientando que as negociações com os trabalhadores já permitiram reduzir de duas mil para “cerca de 200” as saídas necessárias. Pedro Nuno Santos reiterou a ideia de que perder a TAP não é um bom negócio para o Estado.

“[O despedimento coletivo] é uma hipótese desde o início, como é sabido”, afirmou Pedro Nuno Santos à margem da apresentação do novo navio da CV Interilhas “Dona Tututa”, em Setúbal, quando questionado sobre se este cenário estava em cima da mesa para aqueles que, entre os 206 trabalhadores da companhia aérea portuguesa contactados para negociarem uma rescisão amigável, não aceitarem uma saída voluntária.

Admitindo que “qualquer processo de reestruturação é, infelizmente, muito agressivo”, motivando “uma reação de quem é atingido”, o ministro das Infraestruturas e da Habitação salientou tratar-se da “realidade dura de um processo que tem como objetivo salvar a TAP”.

“Nós estamos num processo muito complexo da vida da TAP, que precisa de passar por uma reestruturação muito séria […], e esperemos que, ainda durante este mês, consigamos ter uma resposta afirmativa por parte de Bruxelas”, recordou.

Pedro Nuno Santos lembrou que, “inicialmente, o que estava previsto era uma redução de dois mil trabalhadores”, tendo em conta a necessária “poupança em termos de redução de custos da empresa”, mas, “com todas as negociações feitas com os trabalhadores (seja em redução salarial, seja em saídas voluntárias ou reformas antecipadas), conseguiu-se reduzir o número para cerca de 200”.

Relativamente ao algoritmo que está a ser utilizado para identificar os trabalhadores a dispensar, Pedro Nuno Santos considerou que, “sem ignorar situações particulares, é um método que garante maior imparcialidade na gestão desse processo”. “Não é nenhum apostador que escolhe o trabalhador que sai, mas há um método relativamente objetivo e é, por isso, importante”, sustentou.

Questionado sobre se, face à atual situação da Groundforce, a TAP poderá vender a participação que detém na empresa de ‘handling’ aeroportuário, o ministro disse que, “neste momento, essa questão não se coloca”.

“Nós estamos conscientes de que no mercado da aviação, que é um mercado particularmente global, é muito difícil uma companhia aérea sobreviver e operar sozinha. Mas essa é uma questão que, neste momento, não se coloca, porque as companhias aéreas estão impedidas de adquirirem participações de outras companhias aéreas”, disse.

Quando questionado pelos jornalistas sobre este tema, o ministro salientou que um país como Portugal “não se pode dar ao luxo de perder empresas que exportam três mil milhões de euros”, como é o caso da TAP.

“Nós não somos a Suíça, nem a Noruega, para podermos, sem esforço, dar-nos ao luxo de perder empresas com esta dimensão. Nós somos um país com grandes dificuldades em matéria de balança de pagamentos, não podemos perder uma empresa que exporta 3.000 milhões de euros num ano normal. E é esse esforço estamos a fazer”, sustentou.

Rejeitando que ao injetar capital na TAP o Governo esteja “a gastar dinheiro”, Pedro Nuno Santos disse tratar-se, antes, de “um investimento numa empresa que é fundamental para a economia portuguesa e que liga Portugal ao mundo”.

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