Partido de extrema-direita alemão AfD excluído do grupo ID no Parlamento Europeu

Os nove eurodeputados eleitos pelo partido de extrema-direita alemão AfD foram hoje excluídos do grupo Identidade e Democracia (ID) no Parlamento Europeu, na sequência de escândalos envolvendo um responsável da formação, anunciaram membros do grupo parlamentar.

“O grupo ID não pretende continuar associado aos incidentes que envolvem Maximilian Krah, cabeça de lista da AfD (Alternativa para a Alemanha, extrema-direita) para as eleições europeias”, indicou em comunicado o partido italiano A Liga, que representa a principal delegação do grupo que também inclui a União Nacional (RN) de Marine Le Pen.

Em declarações à agência noticiosa AFP, o eurodeputado francês Jean-Paul Garraud, eleito pelo RN, considerou que, na sua perspetiva, as “declarações inadmissíveis” de Maximilian Krah “também comprometem a AfD”.

Na prática, a decisão tem escasso impacto, pelo facto de não existir atividade legislativa no Parlamento Europeu, com os eurodeputados envolvidos na campanha para as eleições de 09 de junho nos seus países de origem. No entanto, parece definido que na próxima sessão do parlamento o AfD não voltará a ser acolhido no grupo ID.

Krah anunciou na quarta-feira que abandonava a direção da força política e as ações de campanha após polémicas declarações sobre a organização nazi SS.

Numa recente entrevista ao diário italiano La Repubblica, Krah considerou ser “errado” afirmar que todos os membros das Schutzstaffel (SS, organização paramilitar ligada ao regime nazi liderado por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial) eram “criminosos”.

A polémica motivada por estas declarações implicou que Krah anunciasse, através do seu gabinete de advogados, a decisão de renunciar à direção do partido e abster-se de participar na campanha eleitoral.

“Vou abster-me de novas comparências na campanha eleitoral com efeito imediato e vou demitir-me de membro do comité executivo federal”, indicou o político num texto divulgado pelos ‘media’ alemães.

Na sequência das declarações de Krah ao La Repubblica, os partidos de direita radical União Nacional (RN, França), de Marine Le Pen, e A Liga, do vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, distanciaram-se da AfD.

Na terça-feira, Jordan Bardella, presidente do RN e cabeça de lista às eleições europeias, decidiu “deixar de se sentar” com os alemães da AfD no Parlamento Europeu, decisão igualmente seguida pela Liga.

Na atual composição do Parlamento Europeu, a AfD integrou o grupo parlamentar ID, que também incluía o RN e a Liga.

As palavras de Krah sobre as SS foram o último de uma série de escândalos em que se envolveu durante a campanha, e tem negado todas as acusações.

Em finais de abril, um dos seus funcionários em Bruxelas foi detido sob a suspeita de espionagem para a China, e a procuradoria de Dresden (leste da Alemanha) abriu um inquérito para apurar se Krah também terá recebido pagamentos de Pequim.

Juntamente com o seu número dois, Petr Bystrom, também está sob suspeita de ter recebido dinheiro de Moscovo em troca da difusão de diversas opiniões “pró-russas”, incluindo em contribuições na plataforma Voice of Europe, um dos ‘media’ russos recentemente proibidos pela União Europeia.

As eleições para o Parlamento Europeu decorrem entre 06 e 09 de junho nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE).

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