Parlamento Europeu ‘aperta’ combate à corrupção no futebol. Criminosos e oligarcas são ‘alvos’

O Parlamento Europeu está a dar passos decisivos para enfrentar a corrupção no futebol profissional europeu, e tem oligarcas e criminosos, ligados a este negócio milionário, como principais ‘alvos’. Esta ação surge na sequência da “Operação Clean Hands” (‘Operação Mãos Limpas’), uma investigação iniciada na Bélgica em 2018, que envolveu quase 60 agentes, administradores, árbitros e treinadores em alegados subornos, branqueamento de capitais e falsificação de contratos de transferência.

Damien Carême, eurodeputado francês, sublinha a gravidade da situação. “Criminosos, oligarcas e os ricos e poderosos têm formas privilegiadas de lavar o seu dinheiro sujo, e o futebol é uma delas, indica ao The Guardian, também questionando as prioridades atuais, afirmando que “é crucial priorizar a prevenção da corrupção, fraude fiscal e tráfico”.

Neste sentido, esta quarta-feira, os estados-membros do Parlamento Europeu votarão a inclusão da indústria do futebol na sexta diretiva contra o branqueamento de capitais da UE. A partir de 2029, os clubes profissionais e todos os agentes dentro da União Europeia terão obrigações rigorosas, como a verificação de identidade dos clientes e a monitorização de transações, incluindo transferências de jogadores.

As “entidades obrigadas”, como são designadas, terão de identificar e publicar os proprietários beneficiários que detêm pelo menos 15% do clube nos registos de transparência. Além disso, devem implementar procedimentos de monitorização adequados para identificar transações suspeitas.

As novas regras, que foram estendidas de um período de adaptação de três para cinco anos, têm em conta as dificuldades enfrentadas por clubes na Bélgica ao adaptar-se a regulamentações semelhantes. Esta mudança legislativa é particularmente significativa durante a presidência rotativa de seis meses da Bélgica no Conselho Europeu.

No entanto, a rapidez da legislação tem suscitado preocupações. “A UEFA alertou os seus stakeholders sobre o processo”, revela uma fonte, “preocupada com a falta de trabalho de fundo e a inclusão limitada nas negociações”.

A Associação Europeia de Clubes, representante dos maiores clubes do continente, sentiu-se também excluída das discussões com a UE. Apesar disso, foram acordadas isenções para clubes com um volume de negócios anual inferior a cinco milhões de euros.

A reação da UEFA às novas medidas mostra uma mudança de tom. “A UEFA partilha os objetivos de combater o crime financeiro e proteger a sustentabilidade e integridade do jogo em todos os níveis”, afirma um porta-voz.

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