Pão, carne, fruta, legumes (e não só): alimentos voltam a ficar mais caros em 2023

Depois de uma subida do custo de vida, devido à inflação galopante, ao longo de 2022, o ano que aí vem voltará a trazer aumentos para os portugueses em muitos setores e áreas da vida. Na ida às compras em 2023 pode contar com novos aumentos de produtos e alimentos, alguns dos quais essenciais, que a Multinews lhe passa a explicar.

Veja quais os produtos já com aumentos confirmados para 2023:

Por Francisco Laranjeira e Pedro Zagacho Gonçalves

Leite

O preço do leite e derivados não deverá ter grande alteração no início de 2023, garantiu a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenelac). No entanto, o resto do ano permanece uma incógnita face à evolução dos custos de produção. “Em janeiro, pressuponho que não vai acontecer qualquer alteração de grande monta. Durante o ano, é impossível fazer algum tipo de conjeturas”, explicou o secretário-geral, Fernando Cardoso, que sublinhou, no entanto, ser expectável que se verifique “alguma acalmia”, numa fase que os rendimentos dos consumidores estão a ser pressionados.

Uma nova subida do preço do leite depende de fatores como a subida do custo da energia e a evolução da guerra da Ucrânia – no entanto, mantém confiança que os produtores possam recuperar algum do seu rendimento que foi perdido nos últimos anos. “A passagem de ano é uma mera data que não tem uma importância decisiva em termos de preços”, garantiu.

A mesma opinião tem Carlos Neves, secretário-geral da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep), que não vê atualmente qualquer indicador de uma subida de preço do leite pago aos profissionais do sector, o que ‘arrasta’ o valor no consumidor final. “Se houver alguma coisa, será muito ligeira”, precisou, lembrando que o leite é um produto processado, estando sujeito a outros custos como transporte, pasteurização, embalamento, entre outros, que podem afetar o preço final. “A evolução dos custos energéticos para os agricultores e para a indústria é uma questão importante e não sei até que ponto pode afetar”, finalizou.

Segundo dados da DECO Proteste, associação de defesa do consumidor, um litro de leite UHT meio gordo, em 2022, passou de 68 cêntimos a 23 de fevereiro para 0,96 euros, valor registado a 7 de dezembro último. O valor mais alto foi registado a 30 de novembro, quando atingiu os 97 cêntimos.

O aumento em 2022 pode ser explicado de forma simples: energia, alimentos para animais, fertilizantes, fitofármacos e mão de obra representam entre 80% e 90% dos custos de produção de leite. “Houve um acumular de situações que não foram transmitidas e quando chegou aconteceu de uma forma muito marcada para o consumidor. Reconhecemos que isso aconteceu mas teria de acontecer. Não podia ser de outra forma”, referiu Fernando Cardoso. Já Carlos Neves lembrou ainda os efeitos da seca em Portugal, o que obrigou muitos produtores a abaterem os seus animais. “Não tendo forragens e pastagens, e com a ração muito cara, muitos produtores optaram pelo abate, o que levou a reduzir a produção. Isso obrigou os vários compradores a subirem o preço ao agricultor, o que se repercutiu no preço de venda”, frisou.

Pão

O preço do pão deverá voltar a subir em 2023, em função do aumento dos custos das matérias-primas e da energia, mas também impactado pela atualização do salário mínimo nacional, garantiu a ACIP.

“Muito dependerá da variação dos preços das matérias-primas e energias, mas será muito provável que aumente, até pelo impacto do aumento do salário mínimo”, perspetivou a direção da Associação do Comércio e da Indústria da Panificação (ACIP).

De acordo com a associação, apenas uma parte dos aumentos tem sido refletida no preço pago pelo consumidor, o restante tem sido suportado pelos produtores que, por sua vez, registam uma quebra nas margens de lucro. Entre janeiro e outubro, verificou-se um crescimento no consumo de pão e pastelaria em Portugal, impulsionado pelo turismo. Porém, sobretudo no último trimestre do ano, a inflação veio penalizar esta evolução positiva.

Frutas e legumes

No sector agrícola, a subida de preços será inevitável, garantiu à ‘Multinews’ Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh. “Estimamos que, neste contexto muito complexo e desafiante, a tendência do preço será inevitavelmente crescente”, apontou o responsável, sublinhando que, para 2023, “é muito importante que todos os parceiros da cadeia agro-alimentar trabalhem juntos, com solidariedade”.

“No entanto, temos de estar conscientes que a inflação pode afetar as vendas, pelo que é importante que se registem subidas mínimas”, referiu. “Não se pode fazer um aumento por aumento, correndo-se o risco de fazer diminuir a procura.”

Entre janeiro e outubro de 2022, o sector agrícola registou um crescimento de 16,9% nas exportações – de 1.431 milhões para 1.673 milhões de euros -, algo “que será difícil crescimentos nessa ordem” em 2023. Os custos dos “transportes, embalagens, combustíveis estão a crescer imenso”. “A incerteza é muito grande”, apontou o responsável.

Carne

Depois de uma subida em 2022, 2023 vai ver uma continuação da subida dos preços da carne.

A Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes avisou em setembro que deverão haver subidas de entre 15 a 20% dos preços até fevereiro, devido à instabilidade dos mercados, aumento dos custos de produção, aumento dos custos de alimentação dos animais e resultante diminuição dos números de animais disponíveis para abate e consumo.

A carne de porco deverá ser a que registará uma subida menor ou que até verá uma estabilização do preço, segundo previu o secretário-geral da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores, João Bastos, que admitiu que, no último trimestre deste ano, o preço da carne de suíno deverá ter atingido o seu máximo.

Bebidas alcoólicas e refrigerantes

As bebidas alcoólicas vão registar um aumento de impostos em cerca de 4%, pelo que serão vários produtos a aumentarem de preço em 2023 nesta categoria. Vão ser afetados “designadamente as cervejas, as bebidas espirituosas e as bebidas fermentadas, tranquilas e espumantes”.

Se é consumidor de refrigerantes ou bebidas açucaradas semelhantes, as notícias são as mesmas: está prevista “idêntica subida nos impostos no que concerne às bebidas não alcoólicas adicionadas de açúcar”, explica a especialista em assuntos fiscais da Deco/Proteste.

 

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