Pandemia abala setor do luxo. Vendas globais podem sofrer a maior queda da história

A crise pandémica dizimou a procura de bens de luxo e expôs a dependência do setor nos turistas chineses, forçando as marcas de topo como a Prada e a Dior a encontrar novas formas de conquistar clientes, ao mesmo tempo que acelerou o comércio eletrónico. Como resultado, conclui ainda a consultora italiana Bain e Altagamma, as vendas deverão contrair 22% este ano – a maior queda da história – e podem demorar até três anos a recuperar.

Segundo Claudia D’Arpizio, sócia da Bain, as estimativas apontam ainda que dois terços dos lucros operacionais do setor “vão desaparecer em 2020”. “É evidente que este ano será a maior queda de sempre para a indústria, e algumas tendências como o comércio online e a redução da dependência dos turistas estão a avançar rapidamente em relação ao que teria acontecido sem a crise”, disse ao Financial Times (FT). “Uma recuperação total acontecerá entre meados de 2022 e 2023”, reforçou ainda.

Após vários meses de confinamento que levaram ao encerramento de lojas na fase inicial da pandemia, na Primavera, agora, um recente surto de infeções nos EUA e Europa provocou mais restrições ao comércio a retalho em países como França, Reino Unido e Áustria. Isto terá um impacto na época natalícia nas empresas de luxo, tendo em conta que o quarto trimestre gera tipicamente cerca de um terço das vendas anuais. Segundo a consultora italiana, é difícil prever este impacto, ainda assim, considera uma queda anual de 5% no quarto trimestre, no melhor cenário, ou um declínio de 20%, no pior caso.

As limitações levaram algumas marcas a serem mais criativas na forma como chamam os clientes. A Louis Vuitton (LVMH) permitiu aos compradores marcar um encontro com um vendedor para comprar por telefone ou através de videochamada, e depois a entrega e devoluções são gratuitas.

A pandemia também favoreceu os líderes da indústria, além da LVMH, como a Kering e Richemont, que investiram fortemente na venda e marketing online. Entretanto, marcas mais pequenas, como Salvatore Ferragamo e Tod’s, com menos conhecimento digital e mais presença física, sofreram.

A recuperação deverá ser liderada pelos consumidores chineses que serão responsáveis por quase metade dos gastos globais em bens de luxo até 2025, contra um terço em 2019, de acordo com a Bain e Altagamma.

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