Pais estão à beira de um ataque de nervos com o Portal das Matrículas e professores não conseguem lançar notas devido a falhas informáticas

O mau funcionamento do Portal das Matrículas tem deixado muitos pais à beira de um ataque de nervos: as dificuldades de acesso ao site têm tornado quase impossível a regularização escolar dos alunos, refere esta quinta-feira o ‘Jornal de Notícias’.

Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), não esconde o problema. “Esta situação provoca muita ansiedade aos pais e é necessário perceber se deve ou não ser alargado o prazo das matrículas”, sustenta, frisando que os problemas têm sido recorrentes e não quer que voltem a acontecer. Para a responsável, há soluções que podem resultar, tais como “prazos diferenciados para evitar o tráfego concentrado nos mesmo dias”. “O que não pode acontecer é que quem quer inscrever um filho tenha de estar noite dentro a tentar. Por vezes a matrícula é iniciada e não fica concluída, havendo perda de informação e alguns pais podem não se aperceber”.

O Governo deve voltar a estender o prazo para inscrições, indica Arlindo Ferreira, diretor do agrupamento de Escolas Cego do Maio e autor do blogue ArLindo (dedicado à Educação), que refere que o ministério ainda não afixou as listas de 1º ano e pré-escolar porque “não se consegue selecionar os alunos na plataforma”. “As colocações estão em papel, feitas à mão, mas não estão extraídas no Portal das Matrículas”, conta, salientando ser “necessário prolongar o prazo”. “As escolas não receberam qualquer indicação por parte do ME a não ser o pedido de desculpas às famílias e a informação do prolongamento. Esta situação, com muitos alunos a mudar do 6º ao 7º ano, causa transtorno. No meu caso, tenho muitos pedidos de mudanças para a minha escola e não consigo colocar os alunos”, aponta.

A plataforma E360, que serve de base ao Portal de Matrículas, apresenta vários constrangimentos: é utilizada também para o lançamento de notas nas escolas, algo que tem sido difícil de fazer por parte dos docentes. “O E360 foi uma plataforma que o ME quis impingir às escolas. As outras plataformas como o GIAE ou o Inovar não dão problemas, mas esta sempre funcionou muito mal”, aponta Arlindo Ferreira.

Os problemas informáticos não se ficam por aqui. Os computadores do Ministério da Educação deixaram de funcionar no passado sábado, deixando milhares de professores à beira de um ataque de nervos. Segundo Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), para resolver o problema, “os docentes recorreram às redes sociais e aos grupos de professores para saber como poderiam voltar a aceder aos PC”, não tendo havido indicações por parte do ME. “Este fim de semana muitos diretores não conseguiram trabalhar porque os computadores não funcionam, bem como o E360 não funcionavam. Não houve nenhuma diretiva da tutela e foi pelas redes sociais que se descobriu a solução. Mais uma vez, o digital está a complicar a vida às escolas e aos professores”, lamenta.

O SOS Escola Pública denuncia falhas em várias plataformas: desde o portal das matrículas, ao site de apoio aos professores classificadores de provas e exames nacionais, ao SIGRHE (plataforma de recrutamento docente), e a outras plataformas de registo de dados como o SIGO – Sistema de Gestão da Rede Escolar, imprescindíveis ao encerramento do ano letivo e para a preparação do próximo, às páginas da Direção Geral da Administração Escolar (DGAE) ou da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE). “São muitas as queixas de professores a que temos assistido nos últimos dias”, refere.

Para Filinto Lima, “a área informática do ME tem sido um problema e não uma solução”. “O E360 é um programa muito antigo, com imensos problemas e poucas potencialidades. Os professores queixam-se das dificuldades há anos. O E360 é da autoria do ME, mas nunca satisfez as necessidades das escolas e é mais um problema do que uma solução”, lamenta.

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