Ouro sofre quebra de mais de 50 euros num “piscar de olhos”. Eis o porquê
O preço do ouro sofreu um “flash crash”, durante a madrugada de ontem, tendo sofrido uma queda de 4% nos mercados asiáticos, perdendo 60 dólares (51 euros, à taxa de conversão de hoje), em apenas alguns minutos. No mercado londrino este metal acabou por cair 1,79% para 1.731,11 dólares (1.474,55 euros) por onça, uma tendência seguida por Nova Iorque que viu os futuros sobre o ouro a despencarem 1,76% para os 1.729,10 dólares (1.473,47 euros).
Os principais motivos apontados pelos analista para este fenómeno prendem-se com a possibilidade da Reserva Federal dar início à política tapering, (a retirada da sua política de compra expansionista de ativos), uma medida que se manterá na Europa, pela mãos do BCE, até março de 2022, como anunciou Christine Lagarde, há duas semanas.
Para Falkmar Butgerei da Heraeus Metals Germany, contactado pela Bloomberg, é ainda se salientar que a descida dos preços foi aproveitada pelos investidores de menor dimensão, o que levou a uma recuperação do preço durante a tarde. A agência norte-americana lembra ainda que este movimento nos preços aconteceu num dia em que foi feriado no Japão e em Singapura.
Como frisa Ricardo Evangelista, Diretor Executivo da ActivTrades Europe, “esta dinâmica catapultou o dólar dos EUA para novos máximos de vários meses e penalizou o ouro, pela correlação invertida já conhecida entre os dois ativos. Com isto o metal precioso caiu abaixo da sua linha de tendência de alta do mercado, agravando o efeito das perdas, já que muitos investidores definiram as suas ordens stop naquele nível”.
Há uma semana, o preço do ouro, bateu nos 1.800 dólares (1.533,24 euros) por onça, 13% abaixo do máximo de sempre registado há um ano, referiram os analistas citados pela Efe.
Segundo os analistas, esta descida do preço deve-se à queda do consumo na China e às perspetivas de subida das taxas de juro.
O metal dourado atingiu um valor recorde de 2.075 dólares (1.767,48 euros), por onça em 7 de agosto de 2020, impulsionado pelas dúvidas dos investidores sobre a recuperação económica, os baixos rendimentos das obrigações na altura e a fraqueza do dólar americano, outro ativo de refúgio em tempos de incerteza.