Os primeiros 15 anos do Facebook
Por Manuel Falcão, director-geral da Nova Expressão – Planeamento de Media e Publicidade
Apesar do seu rápido crescimento, os últimos anos têm sido férteis em problemas. Cada vez que surgiram polémicas, a resposta do Facebook assemelha-se a uma das frases típicas dos adolescentes apanhados em asneira: “Pedimos desculpa pelo que se passou e não repetiremos o erro”.
O nascimento da criança Facebook ocorreu a 4 de Fevereiro de 2004. Dois anos e meio depois, em Setembro de 2006, o Newsfeed foi anunciado, prometendo que cada utilizador poderia saber de notícias relevantes do seu círculo de amigos. Foi com o Newsfeed que as pessoas começaram a abdicar da sua privacidade e a partilhar dados de forma aberta. Foi então que se percebeu que “news” não queria necessariamente significar notícias e, muito menos, verdadeiras. Aos oito anos, em 2012, comprou o Instagram por mil milhões de dólares – negócio que lhes permitiu estender a base de acção, entrar na imagem e captar utilizadores mais novos – isto, no mesmo ano em que entrou na Bolsa.
Ao completar 10 anos, começa a utilizar vídeos e percebe o poder que eles têm, captando a atenção de maior número de utilizadores durante mais tempo e aumentando partilhas. Em 2015, introduziu os Instant Articles, ganhou a colaboração de jornais e abriu uma nova fonte de receitas publicitárias. Corolário natural, no final de 2015 introduz os vídeos em directo. O número de dados sobre hábitos e preferências dos utilizadores é cada vez maior e pormenorizado.
Mas, a partir de 2016, alguns publishers queixam-se que o Facebook fazia uma espécie de censura prévia àquilo que deixava publicar dos sites noticiosos. Esta obsessão por vistoriar o material leva a que em 2016 tenha considerado como pornográfica a fotografia de uma criança, imagem que tinha recebido o Pulitzer na área da reportagem fotográfica. Na campanha eleitoral de Trump, é várias vezes acusado de ter sido utilizado para influenciar a percepção dos eleitores. E, em 2017, surge o escândalo da venda de dados à Cambridge Analytics. Já em 2018, decidiu limitar o número de entradas de material de empresas jornalísticas no seu Newsfeed, para tentar voltar a ser essencialmente uma rede relacional. Em cada erro ou percalço, lá veio Zuckerberg dizer que não foi por mal…
Quanto vale o negócio da Pub na Amazon?
Em 2018, as vendas de publicidade nos sites de comércio electrónico da Amazon aumentaram 95 por cento em relação ao ano anterior, atingindo 10 mil milhões de dólares de receita. As vendas de produtos alcançaram os 72 mil milhões (o que representou um aumento de 20% em relação ao ano anterior) e os lucros atingiram 3 mil milhões, que comparam com os 1,9 mil milhões de 2017. Com a receita alcançada na publicidade, a Amazon entra no Top 3 dos maiores captadores de investimento publicitário a nível global, logo atrás da Google e do Facebook.
Quanto custa anunciar no Super Bowl?
O preço de um spot de 30 segundos na emissão deste ano tinha um preço de 5,5 a 6,5 milhões de dólares. Cerca de meia centena de anunciantes disputaram freneticamente o direito de estar em jogo desde a primeira jogada até ao final. Houve de tudo – Microsoft ou Alexa, Mercedes, Audi ou Hyundai, Budweiser ou Stella Artois, marcas de fast food, operadores telefónicos e de internet, Apps. E a chuva de estrelas deste ano foi impressionante: Jeff Bridges e Sarah Jessica Parker protagonizaram um spot da cerveja Stella Artois, Tom Hanks deu a voz ao Washington Post, Serena Williams deu o corpo pela aplicação de relacionamentos Bumble e a Burger King ressuscitou um excerto de um documentário com mais de três décadas onde Andy Warhol aparecia a comer um hambúrguer da marca. Vários robots também apareceram. Se somarmos o custo da emissão com o custo de produção e utilização de imagens destas personagens, vemos como a publicidade em torno do Super Bowl envolve centenas de milhões de euros.
Este artigo foi publicado na edição de Fevereiro de 2019 da Executive Digest.