«Os nossos actuais líderes políticos têm demonstrado que são perigosamente incompetentes». Revista científica condena administração Trump

A revista científica New England Journal of Medicine condenou a forma como os líderes nos Estados Unidos – mais concretamente a administração Trump – estão a lidar com a pandemia. Um editorial publicado em nome de todos os directores da revista, refere que “quando se trata da resposta à maior crise de saúde pública do nosso tempo, os nossos actuais líderes políticos têm demonstrado que são perigosamente incompetentes”.

Neste sentido, a publicação refere que as eleições presidenciais americanas de 3 de Novembro dão aos eleitores o “poder de julgar” e pôr fim à administração Trump. “Não os devemos encorajar e permitir a morte de mais milhares de americanos, permitindo-lhes manter os seus empregos”, lê-se no editorial publicado esta quinta-feira.

Depois da revista de divulgação científica dos Estados Unidos Scientific American ter condenado a actuação de Donald Trump desde o início da pandemia, é a vez da New England Journal of Medicine de o fazer.

“A covid-19 criou uma crise em todo o mundo. Esta crise produziu um teste de liderança. Sem boas opções para combater um novo agente patogénico, os países foram forçados a fazer escolhas difíceis sobre a forma de responder. Aqui nos Estados Unidos, os nossos líderes falharam esse teste. Pegaram numa crise e transformaram-na numa tragédia”, critica a revista.

Os EUA são, actualmente, o país do mundo com mais casos de infecção e mais mortes por covid-19: 7,555 milhões e 221 mil, respectivamente, de acordo com dados da universidade norte-americana Johns Hopkins. “A magnitude deste fracasso é espantosa”, condena o editorial.

“Porque é que os Estados Unidos têm lidado tão mal com esta pandemia? Temos falhado em quase todos os passos”. A publicação refere também que os Estados Unidos entraram nesta crise com enormes vantagens. No entanto, “a resposta dos líderes da nossa nação tem sido consistentemente inadequada”, que “optaram em grande parte por ignorar e até denegrir os especialistas”.

Há um mês, a Scientific American, a revista mais antiga publicada continuamente nos Estados Unidos, anunciou o seu apoio, pela primeira vez em 175 anos, a um candidato americano. O democrata Joe Biden conta, assim, com o apoio da revista, uma vez que Donald Trump “rejeita a ciência” e tem apresentado uma “resposta desonesta e inapta à pandemia”, criticou a revista na altura.

Esta quinta-feira, Donald Trump, que está confinado na Casa Branca, onde está a ser tratado, disse que não acreditava ser contagioso e que se sentia suficientemente bem para retomar os comícios de campanha. “Estou de volta porque sou um espécime físico perfeito”, disse Trump em declarações à Fox Business Network, na sua primeira entrevista desde que anunciou, há quase uma semana, que estava infectado com o novo coronavírus.

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