Operação Pretoriano: Madureira muda versão e declara rendimento de 10 mil euros/mês nos Super Dragões
Fernando Madureira, mais conhecido como “Macaco”, declarou às autoridades que obtinha um rendimento mensal de cerca de 10 mil euros provenientes da venda de artigos da claque dos Super Dragões. Esta revelação foi feita no âmbito do relatório social, durante o seu pedido para cumprir a pena em prisão domiciliária, contrastando com as suas declarações anteriores de que o negócio não seria tão lucrativo.
De acordo com as informações do relatório, citado pelo Correio da Manhã, além dos lucros provenientes da venda dos artigos da claque, Madureira acumulava ainda rendas de dois imóveis, totalizando 2.550 euros mensais, e o ordenado da sua esposa, que rondava pouco mais do que o salário mínimo nacional. Estas fontes de rendimento permitiam-lhe, segundo o próprio, manter uma situação económica confortável. Madureira assegurou ainda às autoridades que iria residir numa quinta em Cinfães, cedida gratuitamente por um amigo.
No dia 31 de janeiro, durante as buscas realizadas pela Polícia de Segurança Pública (PSP) nas casas dos arguidos do processo “Pretoriano”, as autoridades encontraram e apreenderam 42 mil euros na residência de Fernando Madureira, em Vila Nova de Gaia. Este montante estava distribuído por vários compartimentos da casa, sendo que 36.620 euros foram encontrados no quarto do casal, dos quais 31.550 euros estavam escondidos num saco amarelo debaixo da cama.
Além disso, foram descobertos 3.400 euros numa bolsa colocada em cima de um armário na sala. Nos quartos das filhas de Madureira, as autoridades apreenderam 450 euros num dos quartos e 1.190 euros noutro. No quarto da terceira filha, dentro de uma mala, foram encontrados quatro cheques que já haviam sido recusados. Juntamente com o dinheiro, as autoridades apreenderam três veículos: um Porsche e dois BMW.
O casal Madureira encontra-se atualmente envolvido em três processos distintos. Além de ser arguido na “Operação Pretoriano”, o casal é alvo de investigações por branqueamento de capitais e fraude fiscal, sendo suspeitos de obterem rendimentos ilícitos através da venda de bilhetes de futebol. Algumas das mensagens trocadas entre Sandra Madureira, esposa de Fernando, e adeptos indicam que a venda de bilhetes continuou mesmo após a detenção do marido, que se encontra em prisão preventiva numa cadeia anexa à Polícia Judiciária (PJ).
Mensagens Revelam Agressões na Assembleia Geral do FC Porto
No decorrer das investigações da “Operação Pretoriano”, as autoridades recolheram várias mensagens que revelam pormenores sobre agressões ocorridas na assembleia geral do FC Porto. Um dos arguidos, Carlos Nunes, conhecido como “Jamaica”, descreveu a um amigo um episódio em que agrediu um indivíduo que se identificou como polícia: “Dei-lhe nos cornos e ele disse que era polícia. Estava fora de serviço e levou outra vez. É inadmissível faltarem ao respeito ao nosso presidente,” relatou.
Outro arguido, José Pereira, também partilhou com a namorada, através de mensagens, os detalhes sobre os acontecimentos: “Vamos passar à frente de todos, já arranjei pulseiras. Foi o ‘Polaco’ que me arranjou. Não vai entrar toda a gente, só entra quem tem pulseira e já acabou.” Mais tarde, Pereira descreveu as agressões que ocorreram: “Só porrada até agora. Sócios… do André. Aleixo e o car… e o ‘Polaco’. O ‘Macaco’, tudo a virar-se.”
Fernando Madureira também comentou o caso em mensagens enviadas a amigos, referindo: “Passou-se o que previas. O Villas-Boas fugiu e os apoiantes dele levaram nos cornos. Devias vê-los a correr, a fugir.”
Estas revelações lançam novas luzes sobre o comportamento dos envolvidos e a extensão das atividades que giravam em torno da claque dos Super Dragões. As investigações continuam a decorrer, com o casal Madureira e outros arguidos sob escrutínio das autoridades.