Operação Pretoriano: ‘Macaco’ escondia fortuna em jarra que era a mulher que geria. Escutas revelam que dinheiro serviu para pagar tese de mestrado que tinha “mandado fazer”

O processo ‘Pretoriano’ revelou detalhes chocantes sobre o controle financeiro e as operações de uma rede criminosa ligada ao FC Porto. Segundo as investigações e escutas telefónicas agora divulgadas, Sandra Madureira, esposa de Fernando Madureira, conhecido como ‘Macaco’, tinha um papel central na gestão das finanças ilícitas do casal. A fortuna escondida, que inclui grandes somas de dinheiro encontradas em várias divisões da casa, e o envolvimento de figuras públicas no esquema, estão no centro das atenções.

Sandra Madureira era responsável pela gestão e controlo do dinheiro na casa do casal, conforme revelado pelas escutas do processo. Numa conversa gravada, a que o Correio da Manhã teve acesso, Fernando Madureira pergunta à mulher sobre o dinheiro disponível, referindo-se a uma “saca amarela” que ela confirma estar guardada num jarrão. Sandra esclarece que esse dinheiro não deve ser mexido, pois está reservado para ser colocado num cofre. A conversa revela que ‘Macaco’ precisava pagar dívidas.

Uma das dívidas mencionadas por Fernando Madureira refere-se à tese de mestrado que, segundo ele, tinha sido “mandada fazer”. Este detalhe sugere que as despesas associadas à sua formação académica não foram apenas para a obtenção do grau, mas envolveram pagamentos a terceiros para a realização efetiva do trabalho académico. Este comportamento revela uma tentativa de evitar responsabilidades académicas diretas, utilizando dinheiro obtido através de meios duvidosos para comprar serviços educacionais.

Noutro registo, Fernando Madureira questiona Sandra sobre uma dívida a ‘Polaco’, cujo valor era de 800 euros, e ela confirma. A complexidade e o detalhe das conversas sugerem um nível elevado de organização e controlo financeiro por parte de Sandra Madureira, que mantinha o acesso ao dinheiro e à sua distribuição.

O processo ‘Pretoriano’ também revela tensões dentro da rede criminosa. Vítor ‘Catão’, que inicialmente parecia estar alinhado com a família Madureira, foi acusado de falar demais e, como resultado, gerou conflitos internos. A natureza das conversas sugere um ambiente de desconfiança e controlo rígido entre os membros do esquema.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) recebeu um ofício para iniciar o inquérito um dia após uma assembleia geral no Futebol Clube do Porto. O subintendente Dennis Cruz liderou a investigação, ouvindo dezenas de testemunhas que confirmaram um ambiente de intimidação e medo. Imagens de videovigilância foram apreendidas na sede do FC Porto, dois dias após um ataque violento, reforçando a gravidade dos eventos.

Fernando Madureira, conhecido como ‘Macaco’, demonstrou confiança no sucesso dos seus planos. Em tom irónico, afirmava que nem a polícia nem o Exército poderiam interferir nos seus planos. Madureira chegou a pedir ao tribunal para ser colocado em prisão domiciliária numa moradia isolada em Cinfães, no Norte de Portugal, mas o juiz Pedro Miguel Vieira decidiu que isso ainda perturbaria o processo.

Dentro do grupo de WhatsApp da claque dos Super Dragões, as ordens eram claras para que aqueles que humilhassem publicamente Pinto da Costa estivessem preparados para enfrentar consequências. Em 13 de novembro, no pavilhão dos dragões, houve confrontos, e Fernando Madureira elogiou a atitude dos seus “companheiros” que tentaram silenciar os sócios presentes, expressando orgulho pela ação.

Fernando Madureira e o ator Pedro Teixeira trocaram mensagens no dia anterior à assembleia geral do FC Porto, na qual se discutiam alterações aos estatutos do clube. Madureira afirmava categoricamente que ninguém poderia substituir Pinto da Costa e que qualquer tentativa de fazê-lo só poderia ser feita “sobre o meu cadáver”.

Em tribunal, ‘Macaco’ tentou desviar a culpa para Hugo ‘Polaco’, alegando que não tinha conhecimento de que ‘Polaco’ havia permitido a entrada de não sócios na assembleia geral para provocar confusão. Esta tentativa de colocar a culpa em ‘Polaco’ pode ter contribuído para a sua prisão preventiva, que durou quase seis meses. Madureira insistiu que apenas queria ajudar e não sabia das ações de ‘Polaco’.

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