Operação Influencer: Vítor Escária confessa a juiz que 75,8 mil euros em envelopes não foram declarados ao Fisco
Vítor Escária, ex-chefe de gabinete de António Costa, e um dos arguidos da Operação Influencer, acabou por admitir ao juiz de instrução, no primeiro interrogatório, que os 75,8 mil euros encontrados no seu gabinete, em São Bento, não tinham sido declarados à Autoridade Tributária (AT).
Escária, segundo referem ao Expresso duas fontes do processo, justificou ao juiz a presença do dinheiro encontrado em vários envelopes com o pagamento de aulas e trabalhos de consultoria que fez em Angola, em 2020, ainda ates de ter assumido funções no Governo.
O valor pelo trabalho feito naquele país africano, explicou Vítor Escária, ter-lhe-á sido pago daquela forma (em numerário), e já depois de ter assumido funções como chefe de gabinete do primeiro-ministro, em agosto de 2020. No entanto, o arguido afirmou ao juiz de instrução que pretendia declarar o valor ao Fisco.
A polémica com os mais de 75 mi euros não é referida no despacho do juiz de instrução e tem apenas uma breve referência no despacho de indiciação emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Segundo a CNN Portugal, esta apreensão de dinheiro será alvo de um processo a parte, onde poderá estar em causa o crime de fraude fiscal.
Recorde-se que Vítor Escária esteve até terça-feira detido, assim como Diogo Lacerda Machado, Afonso Salema, Rui Oliveira Neves e Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines. Todos acabaram libertados esta segunda-feira, tendo o juiz de instrução aplicado as medidas de coação mais ligeiras aos cinco detidos da Operação Influencer.
O Ministério Público, recorde-se tinha pedido prisão preventiva para os dois principais arguidos, Vítor Escária e Diogo Lacerda Machado. O juiz de instrução acabou por fazer cair os crimes de corrupção e prevaricação, mas manteve os de tráfico de influências e oferta indevida de vantagem.