Operação Influencer. Mariana Vieira da Silva exige esclarecimentos do Ministério Público sobre processo que envolve Costa: “o que é que justificou aquele parágrafo?”
Mariana Vieira da Silva defendeu, esta quinta-feira, em entrevista à ‘Antena 1’, que “não há nada que justifique” que António Costa ainda não tenha sido ouvido num caso que levou à queda de um Governo.
Aos microfones da rádio, a ex-ministra considerou que os portugueses têm de ver esclarecido “o que é que justificou aquele parágrafo” que levou à queda do Governo “e quais são as acusações” sobre o ex-primeiro ministro, António Costa.
“Fundamentalmente, António Costa pediu para ser ouvido e não há nada que justifique que meses depois disto acontecer, meses depois de haver buscas, meses já depois de umas eleições, continue o António Costa a não poder ser ouvido e a saber o que é que existe contra ele no processo para se poder defender”, defendeu a ex-ministra da Presidência.
“Quando nós falamos na separação de poderes é preciso compreender que esta separação de poderes tem sempre dois sentidos. Tem o sentido, naturalmente, de não haver nenhuma intermissão nas investigações, que respeitamos. E que sempre reafirmámos, mas também do poder político poder conhecer e não estar durante anos sem saber exatamente o que é que existe contra um cidadão que tem o direito de se defender”, indicou.
“Tem de haver a possibilidade de as pessoas se defenderem. É isso que é urgente que possa acontecer para que não fiquemos meses, anos, à espera de uma decisão.”
O Tribunal da Relação de Lisboa foi muito crítico com a acusação do Ministério Público, indicou Mariana Vieira da Silva. “De facto”, precisou, fez “muito duramente sobre o processo e pronuncia-se diretamente sobre as acusações que existiram ou que existirão sobre António Costa”. “Ao dizer-se que não existem indícios de crime, nós não estamos a utilizar uma expressão qualquer. Estamos a utilizar uma expressão duríssima sobre uma investigação que já teve consequências políticas e consequências muito sérias para o país e a democracia. Neste momento em que comemoramos 50 anos do 25 de Abril, exige-se respeito para que possamos comemorá-la durante muito mais de 50 anos.”
“A democracia não pode esperar eternamente depois de ler, depois de todos os cidadãos lerem aquilo que aconteceu ontem no acordo do Tribunal da Relação de Lisboa”, concluiu.