‘Operação Influencer’: Ministério Público em nova confusão? Portaria que sustenta alegado favorecimento de Galamba estará errada

O Ministério Público (MP) poderá ter feito nova confusão no âmbito da Operação Influencer: o despacho do DCIAP – Departamento Central de Investigação e Ação Penal -, que diz respeito a João Galamba, – aponta um alegado favorecimento à ‘Start Campus’ quando na realidade há uma portaria que nada a ver com o conteúdo alegado pelo MP, avançou o jornal ‘Expresso’.

Uma das alegações é que João Galamba terá pedido a Rui Oliveira Neves, diretor jurídico da ‘Start Campus’, para redigir uma portaria em benefício do data center, ao qual seria permitido utilizar o terreno da central de hidrogénio, explorado pela REN, para passar cabos de fibra.

No entanto, no despacho, a portaria não está relacionada com o projeto da empresa, mas uma com o uso de antigas centrais termoelétricas. Há também dúvidas na acusação de que a ‘Start Campus’ terá participado na definição das normas do Simplex Industrial, o projeto do Governo de simplificação de procedimentos administrativos – a empresa terá formulado normas em benefício próprio, mas estas não chegaram a ser incluídas na lei aprovada em Conselho de Ministros.

Além dos dois administradores da ‘Start Campus’, que está no centro das investigações, estão também detidos Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro exonerado, Diogo Lacerda Machado, advogado, consultor e amigo de António Costa e Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines.

A operação da passada terça-feira do Ministério Público levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório e a constituição de quatro arguidos, designadamente o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira, e a empresa Start Campus.

Na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do ‘data center’ de Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

O primeiro-ministro, António Costa, que apresentou a demissão na terça-feira, é alvo de uma investigação autónoma do MP num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.

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