‘Operação Influencer’: investigação vai trazer novos arguidos em breve. Apoio do PCP sob a mira do Ministério Público
A ‘Operação Influencer’, segundo revelou a edição desta sexta-feira do jornal ‘Expresso’, está dividida em duas partes, sendo a atenção do Ministério Público está neste momento relacionada com o negócio da empresa ‘Start Campus’, responsável pelo data center de Sines, que vale 500 milhões mas pode ascender a 2 mil milhões de euros.
Assim, as detenções e constituição de arguidos atualmente dizem somente respeito à empresa, sendo que numa fase posterior, o Ministério Público vai debruçar-se mais aprofundadamente sobre as suspeitas relacionadas com a extração de lítio e de hidrogénio verde que envolvem o antigo ministro do Ambiente, Matos Fernandes, ou o atual ministro da pasta, Duarte Cordeiro. Os dois podem ainda ser constituídos arguidos, assim como outros governantes, ex-governantes, autarcas e empresários que surgem como pessoas de interesse da investigação.
Segundo o semanário, o Partido Comunista Português (PCP) surge também no dossier de Sines: o MP refere que Diogo Lacerda Machado terá exercido influência em benefício da ‘Start Campus’ “junto de representantes do PCP, tendo conseguido obter o favor e apoio deste partido ao projeto” – numa escuta a Afonso Salema, administrador da empresa, é possível ouvir-se que “temos o apoio do PCP também, o PCP gosto muito de nós”.
A investigação aos negócios do lítio e hidrogénio tem nove arguidos, cinco dos quais estão detidos, indica o despacho de indiciação do Ministério Público (MP), que envolve vários ex-governantes.
Segundo o despacho, a que Lusa teve acesso, os arguidos detidos são Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro hoje exonerado, Diogo Lacerda Machado, advogado, consultor e amigo do primeiro-ministro, António Costa, Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, Afonso Salema e Rui Neves, administradores da sociedade Start Campus, que está no centro das investigações.
Além dos detidos, são também arguidos João Galamba, ministro das Infraestruturas, Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), João Tiago Silveira, advogado e antigo porta-voz do PS, e a empresa START – Sines Transatlantic Renewable & Technology Campus SA.
O MP indiciou Vítor Escária por tráfico de influência e dois crimes de prevaricação em coautoria com Diogo Lacerda Machado, dois crimes de prevaricação com Rui Neves, Afonso Salema e Diogo Lacerda Machado.
Diogo Lacerda Machado é indiciado por tráfico de influência, prevaricação, corrupção ativa a titular de cargo político, prevaricação e recebimento ou oferta indevida de vantagem quanto a titular de cargo político, alguns crimes em coautoria.
Nuno Mascarenhas é suspeito de ter cometido os crimes de corrupção passiva a titular de cargo político agravado e prevaricação, os administradores da Start Campus Afonso Salema tráfico de influência, corrupção ativa a titular de cargo político, três crimes de prevaricação, recebimento indevido de vantagem de titular de cargo político e Rui Neves tráfico de influência, corrupção ativa a titular de cargo político, prevaricação e recebimento ou oferta indevida de vantagem quanto a titular de cargo político.