OPEP não consegue novo acordo. Mercado do petróleo aperta com a subida dos preços por barril
O efeito imediato deste desentendimento poderá ser observado já em agosto, dado que a OPEP não aumentará produção, como era esperado, intensificando assim a escassez do petróleo e a consequente subida do preço por barril.
O confronto a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos obrigou a OPEP a travar as negociações dentro da organização duas vezes, com a próxima reunião marcada para hoje.
A Arábia Saudita insiste na ideia, apoiada por outros membros da OPEP, incluindo a Rússia, de que o grupo deve aumentar a produção nos próximos meses, mas que também deve estender o acordo comercial até o final de 2022 sem alterações ao texto assinado, por uma questão “de estabilidade do mercado”.
“Temos que estender”, disse o ministro da Energia e príncipe saudita, Abdulaziz bin Salman, em entrevista à Bloomberg Television durante a noite de ontem. “O atual texto do acordo coloca muitas pessoas extremamente mais confortáveis, é importante para o mercado”, acrescentou.
“Abu Dhabi está isolada dentro da OPEP. É um país contra um grupo”, concluiu o Governante.
“Os Emirados Árabes Unidos pedem um aumento da produção, uma medida que o mercado exige”, disse Al-Mazrouei à Bloomberg Television mais cedo no domingo. “No entanto, a decisão de prorrogar o acordo até o final de 2022 é desnecessária”, afirmou o ministro.
No ano passado, o desentendimento entre a Rússia e a Arábia Saudita fez disparar uma guerra de preços. Os especialistas temem que o cenário se repita este ano, desencadeando um verdadeiro free-for-all (em português “vale tudo”).
No centro da disputa sobre este acordo está no facto de o atual pacto entre os Estados produtores calcular os cortes ou o aumento da linha de produção, mediante a “linha de base” de cada país. Quanto maior for o número da “linha de base”, mais petróleo poderá ser produzido por cada membro da OPEP.
Os Emirados Árabes Unidos dizem que o seu nível atual, fixado em cerca de 3,2 milhões de barris por dia, é muito baixo, pelo que apela para que o acordo seja revisto, para que possa ser colocada uma nova linha de 3,8 milhões.
A Arábia Saudita e a Rússia rejeitaram a nova base de cálculo pedida pelos Emirados Árabes Unido, com medo de que todos os outros membros OPEP peçam o mesmo, criando uma discussão diplomática de várias frentes.