ONU apela à contenção após China lançar manobras militares em Taiwan

As Nações Unidas (ONU) apelaram hoje à contenção no Estreito de Taiwan, após a China ter lançado manobras militares em torno da ilha em reação a declarações do novo Presidente taiwanês.

No seu ‘briefing’ diário à imprensa, o porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou às várias partes para se “absterem de qualquer ação que possa agravar as tensões”.

“Obviamente, estamos a monitorizar de perto os desenvolvimentos no Estreito de Taiwan. Apelamos a todas as partes envolvidas para que se abstenham de qualquer ação que possa agravar as tensões na região”, disse o porta-voz, Stéphane Dujarric, em Nova Iorque.

Também os Estados Unidos pediram à China “contenção”, segundo um alto funcionário norte-americano que falou sob condição de anonimato e que admitiu que Washington está a “monitorizar de perto” os exercícios chineses.

“Instamos fortemente Pequim a agir com moderação”, disse o funcionário da administração de Joe Biden, alertando a China para que não use a transição política de Taiwan como “pretexto ou desculpa para medidas provocativas ou coercivas”.

As ações da China foram “imprudentes, arriscam uma escalada e corroem normas de longa data que mantiveram a paz e a estabilidade regionais durante décadas”, acrescentou.

Os Estados Unidos, que recentemente aprovaram milhares de milhões em ajuda militar para Taipé, opõem-se a qualquer modificação forçada do estatuto da ilha.

A China lançou hoje manobras militares “ao redor” de Taiwan, três dias após a posse do novo Presidente da ilha, William Lai Ching-te, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

“Os exercícios estão a decorrer no Estreito de Taiwan, no norte, sul e leste da ilha de Taiwan, bem como em áreas em torno das ilhas de Kinmen, Matsu, Wuqiu e Dongyin”, disse a Xinhua.

Num comunicado, o porta-voz do Comando do Teatro Oriental das forças armadas da China descreveu as manobras de hoje como um “castigo severo” contra o que disse serem as “forças independentistas de Taiwan”.

Esta é uma “punição severa para os atos separatistas das forças da ‘independência de Taiwan’ e uma advertência severa contra a interferência e provocação de forças externas”, disse Li Xi, citado pela Xinhua.

William Lai assumiu o cargo de Presidente da ilha em substituição de Tsai Ing-wen (2016-2024), também do Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), na segunda-feira.

No discurso de tomada de posse, Lai disse que “a paz não tem preço e a guerra não tem vencedores”, e deixou clara a intenção de manter o atual ‘status quo’ entre os dois lados do Estreito e não declarar a independência de Taiwan.

O novo Presidente disse também que a República da China (nome oficial de Taiwan) e a República Popular da China “não estão subordinadas uma à outra” e que a soberania da ilha cabe aos seus 23 milhões de habitantes.

O território de 23 milhões de habitantes opera como uma entidade política soberana, com diplomacia e exército próprios, apesar de oficialmente não ser independente. Pequim considera Taiwan parte do território chinês e já avisou que uma proclamação formal de independência seria vista como uma declaração de guerra.

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