OMS mostra-se cautelosa com tratamento de plasma de doentes recuperados. «Resultados são inconclusivos»

A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou-se cautelosa, esta segunda-feira, sobre o uso de plasma de doentes já recuperados da Covid-19 para tratar outros pacientes ainda infectados, numa altura em que Trump aprovou este mesmo tratamento.

Na habitual conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia no mundo, Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, afirmou que ainda não existem muitas evidências de que o tratamento funcione efectivamente, visto que os resultados actuais são inconclusivos.

«Existe uma série de ensaios clínicos em desenvolvimento no mundo inteiro, que analisam o plasma de pacientes recuperados em comparação com o tratamento padrão», disse a especialista acrescentando que «apenas alguns deles relataram resultados provisórios que ainda não são conclusivos», afirmou.

Swaminathan explicou que o tratamento consiste em recolher plasma de pessoas que já recuperaram da Covid-19 e usá-lo para tratar alguém que ainda está doente. Geralmente, é utilizado em pacientes gravemente doentes, hospitalizados».

As declarações da OMS surgem na sequência de os Estados Unidos terem autorizado, este domingo, o tratamento da Covid-19 com plasma sanguíneo de doentes recuperados, já largamente utilizado nos EUA, expressando assim a frustração com o ritmo lento de aprovação de terapias da doença.

O anúncio foi feito dias depois de funcionários da Casa Branca terem sugerido a ocorrência de atrasos politicamente motivados pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla inglesa) na aprovação de uma vacina e de protocolos terapêuticos para a doença, para minar a campanha para a reeleição de Donald Trump.

O plasma sanguíneo retirado de pacientes que recuperaram do coronavírus que provoca a doença covid-19, rico em anticorpos, pode trazer benefícios para aqueles que lutam contra a doença. Mas as provas até agora não têm sido conclusivas sobre se funciona, quando administrá-lo e qual dose necessária.

Numa carta em que descreve a autorização hoje anunciada por Trump, a cientista chefe da FDA, Denise Hinton, sublinhou que «o plasma de um convalescente de covid-19 não deve ser considerado um novo padrão de cuidados para o tratamento de pacientes com covid-19. Serão divulgados dados adicionais de outras análises e ensaios clínicos em curso e bem controlados nos próximos meses».

 

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