OmegaPro: Esquema de burla em pirâmide com criptomoedas faz 3 milhões de lesados, incluindo 156 em Portugal. Futebolistas e atores davam cara pela marca

A OmegaPro, uma empresa que se apresentava como negócio inovador de investimento em criptomoedas e marketing, revelou-se um esquema de burla em pirâmide global, tendo lesado mais de três milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, foram identificadas 156 vítimas. O esquema prometia retornos de até 300% em 16 meses e acabou por provocar perdas significativas, incluindo poupanças de uma vida e até habitações.

A OmegaPro, com sede em Londres e Dubai, envolveu diversas celebridades e influenciadores para promover o seu esquema. Entre os participantes estavam estrelas do futebol como Luís Figo, Ronaldinho, Iker Casillas e Marco Materazzi. A empresa também contou com a colaboração de atores de Hollywood e Bollywood, incluindo Steven Seagal e Suniel Shetty, e de gurus do marketing e coaches motivacionais, como Eric Worre e Les Brown.

Lars Olofsson, advogado sueco que representa cerca de 2.500 lesados de 55 países, dos quais 156 são portugueses, classificou o caso como “o maior esquema de fraude em pirâmide de sempre”. Em entrevista ao Púbico, Olofsson destacou que “a sofisticação do esquema não se mede apenas pelo número de vítimas ou pelo valor financeiro, mas pela forma como foi executado”. Ele revelou ainda que os fundadores da OmegaPro, Andreas Szakacs, Dilawar e Mike Sims, já tinham histórico em outros negócios controversos.

A OmegaPro criou uma fachada de credibilidade ao organizar eventos em locais de prestígio e com altos investimentos em marketing. Entre as suas iniciativas, destacam-se convenções em hotéis de luxo nas Maldivas, Dubai, Panamá e México, bem como eventos desportivos como a OmegaPro Legends Cup. Durante a primeira edição da competição, realizada em 12 de maio de 2022, no Dubai, o evento contou com a presença de jogadores renomados como Luís Figo, Ronaldinho e Iker Casillas. A segunda edição ocorreu nas Maldivas em novembro de 2022 e incluiu figuras como Carles Puyol e Eric Abidal.

Os eventos da OmegaPro eram marcados por extravagâncias como a distribuição de mais de 650 relógios Omega na convenção “Rise” realizada em janeiro de 2022 na Coca-Cola Arena, no Dubai. Investidores de categorias mais altas, como Diamante, eram beneficiados com voos fretados e estadias em hotéis de luxo, como o Hilton e o V Hotel.

Olofsson sublinha que a promoção da OmegaPro por figuras públicas foi parte fundamental da ilusão de credibilidade criada pela empresa. “Quando se é uma pessoa famosa, um ex-jogador ou um ator, tem-se uma responsabilidade acrescida de saber o que se está a promover”, afirma Olofsson, que já está a preparar ações judiciais contra mais de 20 dessas personalidades.

Apesar da evidência das fraudes, a OmegaPro manteve uma forte presença nas redes sociais, utilizando o Facebook, Instagram e X (antigo Twitter) para promover a sua imagem. O esquema ainda se utilizou de notícias falsas e simulações de parcerias com bancos para atrair investidores.

Desde o seu início em 2019 até ao seu colapso em julho de 2023, a OmegaPro deixou um rastro de desilusão e prejuízo. A investigação em curso tem sido alimentada pelas recentes quedas de governos devido a casos de corrupção, como o Governo da República Portuguesa e o governo regional da Madeira, possivelmente agravando a perceção pública da corrupção e a eficácia das medidas anticorrupção.

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