OE2023: “Medidas do Governo são insuficientes para compensar a inflação”, diz analista

O Governo entregou esta segunda-feira na Assembleia da República a proposta para o Orçamento do Estado para 2023.  Da redução de IRC para as empresas que subam salários à alteração dos escalões do IRS, o executivo de António Costa apresentou um conjunto de medidas que serão debatidas na generalidade a 26 e 27 de outubro, sendo que a votação final está marcada para 25 de novembro.

O analista da XTB Henrique Tomé é da opinião que o documento “traz consigo um grande desafio – conseguir atenuar os efeitos da inflação nos agentes económicos (famílias e empresas)”.

“Mais do que nunca, esperava-se que o OE para o próximo ano de 2023 pudesse mostrar o papel interventivo que o Estado pode ter no que diz respeito à redistribuição de riqueza entre as classes sociais (das mais favorecidas às menos favorecidas). Embora os salários a meio deste ano tenham crescido, em termos normais, 3,1%, o facto da inflação ter conseguido ultrapassar em larga medida esses valores, as famílias acabaram por ter uma perda real no poder de compra, apesar das subidas nos salários.”

No entanto, espera que os portugueses continuem a perder poder de compra, devido à insuficiência das medidas apresentadas. “Em princípio, espera-se que esta tendência de perda de poder de compra se mantenha durante o próximo ano, uma vez que as medidas do governo não são suficientes para compensar o efeito da inflação. No entanto, esta situação poderá não ficar por aqui, se a inflação não estiver em linha com os dados projetados pelo governo, então esta quebra do poder de compra poderá ser ainda mais agravada.”

Sobre se o Estado podia ter ido mais longe, Henrique Tomé explica que “observando o défice, podemos facilmente concluir que o Estado está a gastar mais do que está a receber por via dos impostos e logo aí poderíamos dizer que existe uma intervenção do Estado”, acrescentando que “as medidas adotadas pelo estado são demasiado gerais e o seu impacto é francamente modesto – as famílias não sentem as consequências reais dos gastos do Estado, onde este continua a assentar as desigualdades nas medidas que tem adotado, uma vez que continuam demasiado generalistas e não têm uma incisão muito grande nas maiores lacunas”.

“Apesar de tudo, a economia portuguesa continua a crescer e tudo aponta para que este ano seja a economia a crescer mais na Zona euro.
Em 2023 também se espera que a economia portuguesa consiga crescer acima da média europeia, contudo continuam a existir riscos que podem comprometer este crescimento – se a inflação permanecer elevada irá certamente afetar a atividade económica fazendo com que as projeções sobre o PIB sejam, por sua vez, revistas em baixa”, conclui o analista.

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