Ocidente deve “esperar o inesperado” na Ucrânia, alerta alto militar da NATO: aliança prepara maior exercício militar na Europa desde a Guerra Fria

A Ucrânia está a travar uma batalha existencial pela sobrevivência, quase dois anos depois do início da guerra com Moscovo, e os exércitos e líderes políticos ocidentais devem mudar drasticamente a maneira como ajudam Kiev a defender-se das forças invasoras, alertou esta quarta-feira um alto oficial militar da NATO.

Na reunião de altos escalões da aliança atlântica, o almirante Rob Bauer, presidente do Comité Militar da NATO, salientou que por trás da justificação de Vladimir Putin para a guerra está o medo da democracia, num ano marcado por eleições em todo o mundo.

A reunião, que decorreu em Bruxelas ao longo de dois dias, permitiu detalhar os planos para aquele que deverão ser os maiores exercícios militares na Europa desde a Guerra Fria, que deverão decorrer em 2024, no que se pretende ser uma nova demonstração de força da NATO junto do Kremlin, assim como do seu compromisso de defender todas as nações aliadas.

A guerra na Ucrânia está estagnada, assim como a ajuda financeira dos Estados Unidos e da União Europeia. Bauer apelou a uma “abordagem de toda a sociedade” que vai além do planeamento militar. “Precisamos que os atores públicos e privados mudem a sua mentalidade para uma era em que tudo pode acontecer a qualquer momento. Uma era em que precisamos de esperar o inesperado”, salientou.

“Para sermos totalmente eficazes, também no futuro, precisamos de uma transformação da NATO no combate”, acrescentou o responsável militar, salientando que a aliança vai continuar a apoiar a Ucrânia a longo prazo. “Hoje é o 693º dia do que a Rússia pensava que seria uma guerra de três dias. A Ucrânia terá o nosso apoio em todos os dias que estão por vir porque o resultado desta guerra determinará o destino do mundo”, salientou.

“Esta guerra nunca foi sobre qualquer ameaça real à segurança da Rússia vinda da Ucrânia ou da NATO”, acrescentou Bauer. “Esta guerra é sobre a Rússia temer algo muito mais poderoso do que qualquer arma física na Terra – a democracia. Se as pessoas na Ucrânia puderem ter direitos democráticos, então as pessoas na Rússia em breve irão desejá-los também.”

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