O que se passa na banca europeia? Podemos ter mais “vítimas” depois do Credit Suisse?

Esta sexta-feira, 24 de março, foi tempestuosa para a banca europeia, com vários grandes bancos a registarem quedas significativas e a levantarem os receios de uma nova crise como a que assolou o Credit Suisse.

As ações dos bancos alemães Deutsche Bank e Commerzbank, e do suíço UBS, caíram hoje significativamente na bolsa de Frankfurt devido à recente turbulência no setor e da incerteza sobre a evolução das taxas de juro.

As ações do Deutsche Bank foram as mais afetadas pela queda nesta sexta-feira negra, tendo caído cerca de 10% durante as primeiras horas de negociação, e aumentado as perdas para 14,84% por volta das 12:15 em Lisboa.

Esta situação faz com que o banco alemão seja o maior perdedor deste final de semana no STOXX 600, o indíce bolsista que junta os maiores bancos do continente europeu.

Neste caso, a “culpa” é dos denominados “credit default swaps” (CDS), que esta sexta-feira viram os juros relativos à dívida sénior subir para os níveis mais altos desde 2018. Os CDS são é um derivativo financeiro que permite a um investidor trocar ou compensar seu risco de crédito com o de outro investidor.

“Ainda estamos no limite à espera que caia outra peça do dominó, e o Deutsche é claramente o próximo na mente de todos (com justiça ou injustiça). Parece que a crise bancária não foi totalmente eliminada”, disse Chris Beauchamp, diretor de mercado analista do IG, em declarações à ‘Reuters’.

“Notícias relacionadas com problemas financeiros do Deutsche Bank não são novidade, pois já há vários anos que isso vai acontecendo. Se olharmos para os dados fundamentais do banco, os dados parecem bem mais sólidos que o caso do Credit Suisse, mas também não poderemos inferir que não existe risco. Portanto, para já, é o primeiro sinal de alarme, mas devemos estar atentos, pois caso as ações continuem com movimentos descendentes agressivos e as yields dos CDSs a subir então provavelmente significa que algo de errado está a acontecer com o banco”, explica Vitor Madeira, analista da XTB.

No início das negociações, as ações do Commerzbank recuavam 8,37%, enquanto as ações do UBS Group AG e do Credit Suisse AG caíram 6,3% e 6,7%, respetivamente.

O Stoxx 600 registou uma queda de 5,1% no meio da manhã desta sexta-feira. No entanto, a forte recuperação no início desta semana colocou o índice no caminho dos ganhos semanais.

O JPMorgan, num relatório publicado esta semana, fez referência à possível turbulência que iria enfrentar a dívida subordinada do Deutsche Bank nos mercados após o caos financeiro nos Estados Unidos e na Europa. “Na nossa opinião, o processo de redução de risco pode permanecer muito desafiador, o que significa que os spreads bancários pelo menos permanecerão amplos”, escreveram os analistas.

“Nas próximas semanas, esperamos ver histórias anedóticas de problemas em torno da disponibilidade de crédito, seguidas por uma fraqueza renovada em alguns dos indicadores económicos mais tradicionais e, finalmente, nas revisões de lucros”, disse Graham Secker, estrategista de ações do Morgan Stanley, à agência de notícias.

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