O que mudou desde início do ano na frente de guerra na Ucrânia? Mapas revelam transformações dos últimos 3 meses

O ano de 2024 trouxe desafios significativos para as forças ucranianas, que têm enfrentado renovados ataques russos em múltiplos pontos de uma frente de batalha estendida por cerca de 1448 quilómetros, desde as planícies da costa do Mar Negro até à densa região fronteiriça entre Rússia, Bielorrússia e Ucrânia.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla original), ‘think thank’ de especialistas, elaborou um relatório com os avanços (e recuos das forças ucranianas nos primeiros três meses deste ano, até ao final de março.

Ganhos Territoriais Limitados
Mapas baseados em relatórios do Instituto para o Estudo da Guerra indicam que, apesar dos constantes esforços ofensivos e das enormes perdas relatadas, os ganhos territoriais russos têm sido modestos. Desde o fim de fevereiro, quando as tropas russas capturaram a cidade fortaleza de Avdiivka, no leste de Donetsk, Moscovo terá tomado menos de 65 quilómetros quadrados de território. Esta vitória marcou o triunfo mais significativo das forças russas desde a tomada de Bakhmut, também em Donetsk, em maio de 2023.

A guerra em curso tem sido caracterizada por combates de desgaste, com a fase inicial de combate mecanizado a dar lugar a duelos de artilharia e guerra de trincheiras. Ambas as partes têm enfrentado defesas fortificadas, campos minados e ataques constantes de drones com visualização em primeira pessoa (FPV). Nenhum dos lados parece ter uma vantagem decisiva para romper as linhas inimigas e alcançar uma vitória estratégica que revitalizasse as estagnadas negociações de paz.

Com eleições cruciais a aproximar-se na Europa e nos EUA, o Kremlin mostra-se confiante de que pode resistir mais tempo do que os parceiros ocidentais distraídos da Ucrânia. Por outro lado, Kiev está a fazer esforços desesperados para manter a atenção da União Europeia e da NATO sobre o que muitos consideram ser uma nova guerra de independência.

O conflito atualmente desenrola-se em quatro principais teatros de operações: Luhansk a nordeste, Donetsk a leste, Zaporizhzhia a sudeste e Kherson a sul.

Luhansk: As forças russas estão a avançar em direção à cidade de Kupyansk, buscando capturar a totalidade da região de Luhansk, que, juntamente com Donetsk, tem sido um foco de batalha entre Kiev e separatistas controlados por Moscovo desde 2014.

Serebryanskyy Forest: Combates intensos decorrem na floresta a oeste de Lyman, próxima das fronteiras administrativas entre Luhansk e Donetsk.

Donetsk: Apesar da captura de Avdiivka, as forças russas enfrentam resistência ao avançar nas linhas defensivas ucranianas.

Zaporíjia: Após um contra-ataque ucraniano falhado no verão de 2023, as tropas russas procuram reverter os pequenos avanços territoriais conquistados no ano passado.

Kherson: Desde a libertação da cidade principal em novembro de 2022, esta região tem sido alvo de constantes bombardeamentos de posições russas, com o Rio Dnieper a servir como linha de frente, especialmente após a destruição da barragem de Nova Kakhovka em junho de 2023.

Apesar dos desafios, as forças ucranianas têm conseguido realizar incursões anfíbias significativas através do Rio Dnieper, mantendo várias posições no lado leste ocupado pelos russos. Estes confrontos transfronteiriços representam o desenvolvimento mais marcante neste teatro de operações.

Enquanto o conflito entre Rússia e Ucrânia se arrasta, a situação permanece tensa e imprevisível, com ambas as partes a mostrarem uma resistência firme e determinada. A guerra continua a ter um impacto devastador nas populações locais e a manter a comunidade internacional em alerta, num conflito que parece estar longe de um fim iminente, passados mais de dois anos.

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