O que esperar desta semana? Mercados em agitação crescente até sexta-feira

Embora o ritmo de melhoria económica esteja a abrandar, os dados económicos continuam a mostrar um progresso constante. Os pedidos semanais de subsídio de desemprego, que haviam caído para menos de um milhão há duas semanas, pela primeira vez (desde Março) voltaram a ultrapassar a barreira psicológica esta semana. Contudo, as vendas de novas casas em Julho superaram as expectativas, suportadas pelas taxas de juro baixas. As encomendas de bens duráveis referentes a Julho também bateram amplamente as previsões e o PIB do segundo trimestre anualizado saiu menos negativo que o esperado.

No seu último discurso, Jerome Powell referiu que a Fed irá manter o seu target da inflação nos 2% “em média” e que irá compensar os períodos de baixa inflação com períodos temporários de inflação acima dos 2%. Isto foi o suficiente para levar o dólar a atingir os mínimos semanais e os mercados americanos a fazerem novos máximos históricos. A falta de progresso nas negociações entre democratas e republicanos para outro pacote de estímulo fiscal à economia representa um risco crescente de curto prazo, mas os fundamentos permanecem razoavelmente favoráveis. O mercado mantém-se em alta com os investidores a acreditarem que se irá chegar a um entendimento em breve.

As más notícias são que os casos de infeção por covid-19 continuam a aumentar em muitos países da Europa e levam à imposição de novas restrições em muitos países como a França, em que o uso de máscara passou a ser obrigatório em Paris; e também em Portugal, que se prepara para impor novas medidas para mitigar a aglomeração de pessoas.

Depois da subida de 50% dos mínimos de Março, as ações estão agora com uma valorização anual de quase 6%. Apesar dos investidores estarem satisfeitos com este comportamento do mercado, esta subida repentina nos índices para máximos históricos levanta algumas preocupações que deverão continuar a pesar nas próximas semanas. Como se

O que esperar desta semana?

Terminada a earnings season os investidores deverão focar-se no calendário macroeconómico na semana em que vão ser divulgados os non farm payrolls (NFP). A semana começa bastante calma na segunda-feira mas vai ficando mais agitada com o passar dos dias.

Já é hábito na primeira terça-feira de cada mês (à exceção de Janeiro) o Banco Central Australiano pronunciar-se sobre a taxa de juro de referência. Não se espera nenhuma alteração à atual taxa de 0,25%. Nesse mesmo dia teremos a divulgação das concessões de construção referentes a Julho também na Austrália, os PMIs de manufatura no Reino Unido e na Zona Euro referentes a Agosto, os dados do Institute of Supply Management (ISM) dos índices de emprego e manufatura nos Estados Unidos e os inventários de petróleo do API.

Na quarta-feira teremos o relatório de emprego do ADP, que serve sempre de pronúncio aos dados do NFP divulgados na sexta feira, as ordens industriais referentes a Julho e os inventários de petróleo publicados pelo EIA. Na quinta feira teremos o PMI de serviços referente a Julho no Reino Unido, a balança comercial nos EUA, os pedidos semanais de subsídio de desemprego nos EUA e os índices não industriais do ISM.

Sexta-feira será o dia mais importante da semana com a divulgação da variação de emprego não agrícola nos EUA. Será interessante verificar se depois de uma recuperação em Junho e Julho, a tendência de queda verificada em Agosto se mantém.

*Nuno Mello, Analista XTB

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